Mais de 1,6 mil morreram e 3,4 mil ficaram feridos, Mianmar enfrenta obstáculos para resgatar vítimas de terremoto

Resgatistas carregam o corpo de uma vítima, após um forte terremoto, em Mandalay, Mianmar, em 30 de março de 2025 – Foto: Reuters
Mianmar foi devastado na sexta-feira (28) por um terremoto de magnitude 7,7. O desastre natural mais mortal da sua história. Mais de 1,6 mil pessoas morreram e outras 3,4 mil ficaram feridas, de acordo com dados da mídia estatal atualizados até este domingo (30). Os fortes tremores também atingiram a Tailândia, que registrou 17 mortes, e a China.
Governado por uma junta militar desde 2021, Mianmar enfrenta atualmente uma guerra civil contra os militares no poder e o isolamento internacional. Além disso, o país tem 40% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial.
Apesar dos esforços internos e da ajuda externa que o país tem recebido, a destruição causada pelo terremoto dificulta ainda mais o trabalho de resgate. Um exemplo são os aeroportos danificados pelos tremores. Em Naypyitaw, capital do país, o terremoto derrubou a torre de controle do aeroporto, conforme a Associated Press (AP).
Diante das dificuldades no trabalho de resgate, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) emitiu um alerta vermelho, estimando que os tremores podem ter deixado mais de 10 mil pessoas mortas.
Sobreviventes em Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, escavaram os escombros com as próprias mãos na sexta-feira, em tentativas desesperadas de salvar os que ainda estavam presos enquanto o maquinário e as autoridades não chegavam ao local.
Infraestrutura e aeroportos destruídos
Em Mianmar, os esforços de resgate até agora estão focados nas principais cidades atingidas: Mandalay, a segunda maior cidade do país, e Naypyitaw, a capital. Mandalay, antiga capital real e centro do budismo do país, é um dos locais mais afetados pelo terremoto.
Antes mesmo do desastre natural, o país já sofria com infraestrutura precária e um sistema de saúde debilitado por anos de guerra civil.
O terremoto aconteceu na sexta-feira ao meio-dia — madrugada pelo horário de Brasília —, com o epicentro não muito distante de Mandalay, seguido por vários abalos de menor intensidade. Os tremores derrubaram edifícios, destruíram estradas e provocaram o colapso de pontes.
Em Naypyitaw, equipes trabalharam no sábado (29) para reparar as estradas danificadas, enquanto os serviços de eletricidade, telefone e internet permaneciam fora de operação na maior parte da cidade.
De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), houve graves danos ou destruição completa de muitas instalações de saúde.
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Uma imagem de satélite mostra a Ponte Inwa, que desabou após um terremoto, em Mandalay, Mianmar, em 29 de março de 2025 – Foto: Maxar Technologies/Divulgação via Reuters
A organização alertou para uma “grave escassez de suprimentos médicos que está dificultando os esforços de resposta, incluindo kits de trauma, bolsas de sangue, anestésicos, dispositivos auxiliares, medicamentos essenciais e tendas para profissionais de saúde”.
Embora equipes e suprimentos estejam sendo enviados de outras nações, outro complicador tem sido a situação dos aeroportos. Fotos de satélite do Planet Labs PBC analisadas pela Associated Press mostram que o terremoto derrubou a torre de controle de tráfego aéreo no Aeroporto Internacional de Naypyitaw.
Imagens capturadas no Aeroporto Internacional de Mandalay mostraram centenas de pessoas em pânico na pista durante os fortes tremores . Dentro do terminal, passageiros corriam desesperados para fora de um saguão gravemente danificado.
Uma análise do governo dos Estados Unidos estima que pode haver milhares de mortes e graves perdas econômicas. “No geral, a população desta região reside em estruturas vulneráveis a tremores de terra”.
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Pessoas observam enquanto as operações de busca e resgate continuam após um forte terremoto, em Mandalay, Mianmar, em 29 de março de 2025 – Foto: Reuters
Isolamento internacional e ajuda humanitária
A junta militar que governa Mianmar decretou estado de emergência em seis regiões, incluindo Sagaing, Mandalay e a capital, informou a mídia estatal. A junta foi estabelecida após golpe de Estado em 2021 e detém o controle sobre rádio, televisão e jornais. O acesso à internet também é limitado na região.
Em um movimento raro, a junta militar pediu doações a qualquer país ou organização que queira contribuir com as ações de resgate. Em um pronunciamento na TV estatal, o porta-voz também pediu materiais médicos para as vítimas.
A China disse que enviou mais de 135 equipes de resgate e especialistas, além de suprimentos como kits médicos e geradores, e prometeu cerca de US$ 14 milhões em ajuda emergencial. O Ministério de Emergências da Rússia disse que enviou 120 equipes de socorristas e suprimentos, e o Ministério da Saúde do país afirmou que Moscou enviou uma equipe médica para Mianmar.
Outros países como Índia, Coreia do Sul, Malásia e Cingapura também estão enviando ajuda, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na sexta-feira que Washington iria ajudar na resposta ao desastre. A União Europeia também prometeu auxílio ao país asiático.
O chefe da ONU, António Guterres, disse que as Nações Unidas estão se mobilizando para ajudar os necessitados após o terremoto.
Um relatório inicial sobre os esforços de socorro ao terremoto, emitido no sábado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, disse que está alocando US$ 5 milhões de um Fundo Central de Resposta a Emergências para “assistência que salva vidas”.
As medidas imediatas incluem um comboio de 17 caminhões de carga transportando suprimentos essenciais e médicos da China, que devem chegar neste domingo, segundo o relatório.
fonte: g1