Política

Pablo Marçal coloca em xeque a liderança de Bolsonaro sobre sua própria base, em SP

Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Foto: Reprodução/X

Pablo Marçal (PRTB) aproximou-se dos Bolsonaro, apropriou-se de seus métodos de intimidação de adversários, radicalizou-os, explorou-os e agora coloca em xeque pela primeira vez a capacidade de Jair Messias Bolsonaro (PL) de liderar a própria base na maior capital do país.

Segundo a mais nova pesquisa Datafolha, o ex-coach ultrapassou numericamente o candidato dos Bolsonaro na eleição: Marçal aparece com 21%, Ricardo Nunes (MDB) tem 19%. Trata-se de um empate técnico, dentro da margem de erro, mas o número é suficiente para colocar o personagem mais estridente da disputa no primeiro pelotão da eleição paulistana.

Importante observar como serão as próximas semanas, a campanha de Nunes passou a observar claramente que Marçal estava conseguindo cooptar o eleitores de Bolsonaro, afastando-os do emedebista.

O ex-presidente, que chegou a manifestar simpatia pelo ex-coach, mudou de estratégia. A pedido de aliados, ele e os filhos deram declarações públicas de apoio a Nunes e contra Marçal. Carlos Bolsonaro (PL-RJ) chegou a chamar o ex-coach de mentiroso. Eduardo relatou sua proximidade com figuras mencionadas como da órbita do crime organizado em SP, do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Passo seguinte, influencers muito ligados ao bolsonarismo raiz passaram a explorar críticas a Marçal, buscando no subtexto classificá-lo como aventureiro. “Capitão, dessa vez não vou seguir seu conselho. Vou de Marçal”, respondeu um seguidor. O ex-coach classifica Nunes, do MDB, conservador, como “comunista”. E é aplaudido.

Marçal parece ter detectado a necessidade de mais radicalismo que pulsa em parte da base bolsonarista. Necessidade que fica explícita quando da análise das diversas provas que estão nas investigações sobre a tentativa de golpe do 8 de janeiro. Naquela ocasião, quando ficou claro que o levante não seria oficial, militares que não aderiram à trama foram chamados de frouxos e covardes por auxiliares e aliados do então presidente.

Esse vício por mais radicalidade e total desprezo às regras do jogo foi identificado por Marçal, que expõe-se de maneira que nem o próprio Bolsonaro ousou, fazendo acusações graves em série e sem provas, de cunho pessoal, contra adversários.

O tempo vai revelar se o “capitão” conseguirá retomar a nau que dirige, há cinco anos, seu eleitor em São Paulo. Até aqui, Marçal mostrou-se efetivo em usar o feitiço contra o feiticeiro e rachar o poder da voz de comando do ex-presidente.

fonte: g1/GloboNews

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