Mecânico preso por integrar grupo investigado por tráfico internacional
Um vídeo, obtido com exclusividade mostra o mecânico Júnior Batista de Oliveira, de 37 anos, fazendo manutenção em um helicóptero dentro de um rio, em uma região que a Polícia Federal acredita ser de garimpo ilegal, no norte do país.
O mecânico foi preso em uma operação na dia 22 de fevereiro, suspeito de envolvimento com um grupo suspeito de usar helicópteros para tráfico internacional de drogas.
A defesa de Júnior diz que ele não mantém qualquer vínculo com a organização criminosa, apenas prestava serviços de reparação mecânica nas aeronaves.
Além dele, oito pilotos, dois líderes logísticos, quatro responsáveis pelo abastecimento das aeronaves e um responsável pelo apoio financeiro foram presos. Os mandados foram cumpridos em Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Roraima e Rio de Janeiro.
A investigação começou após o desaparecimento de uma pessoa em Paraguaçu Paulista, em São Paulo, no dia 4 de abril do ano passado, em que registrou-se o furto de um veículo, que foi encontrado incendiado. A investigação apontou que o crime estaria ligado ao roubo de 250 kg de cocaína.
Com o decorrer das apurações, a PF descobriu que os suspeitos tinham um grupo em aplicativo de mensagem, adulteravam aeronaves e faziam voos clandestinos em baixa altitude para ficar fora dos radares.
A droga era feita em um laboratório na Bolívia, passava pelo Paraguai, de helicóptero, e ia até uma fazenda de Paraguaçu Paulista, em São Paulo. Depois, por terra, chegava até Goiás. Essa era a chamada “rota caipira”.
A PF diz que o grupo escolhia Goiás por ser um dos estados de maior polo de manutenção de aeronaves do país, com isso há uma extensa mão de obra de mecânicos, além de grande formação de pilotos.
“O grupo não conseguia fazer um voo da Bolívia direto para o destino final, porque a autonomia dessas aeronaves clandestinas não era tão grande. Por isso, eles precisavam pousar no interior de São Paulo”, diz o delegado da PF de Goiás, Bruno Gama.
Segundo o delegado da PC Edmar Rogério Caparroz, os suspeitos, em São Paulo, faziam o reabastecimento dos caminhões para o distribuir a droga aos principais centros do país. As aeronaves ficavam em galpões na área rural do interior paulista.
Desde que as investigações começaram, 8 helicópteros foram apreendidos, sendo sete no Brasil e um na Bolívia, segundo a PF. Também foram apreendidos veículos, armas, drogas, jóias, dinheiro e peças de aeronaves. A polícia encontrou ainda bloqueadores de sinal.
A PF só começou a ter mais detalhes de como o grupo atuava em agosto do ano passado, quando uma ação policial apreendeu mais de 600 kg de cocaína em fazendas no interior de São Paulo e em Goiás. A droga, conforme as investigações, pertencia à facção criminosa PCC.
Segundo o delegado Bruno Gama, durante a apreensão das drogas os policiais encontraram na fazenda um piloto de helicóptero e Júnior, que se apresentou para as autoridades como mecânico de aeronaves.
A investigação também acredita que o grupo criminoso não contratava apenas serviços de manutenção, mas também construía aeronaves. Segundo a PF, uma empresa de metalurgia em Goianira, na Região Metropolitana de Goiânia, era a fachada para mais uma oficina clandestina.
No local agentes encontraram um helicóptero que ainda estava sendo montado e apreenderam várias peças, como motor, painel de instrumentos e rotor de cauda.
Os helicópteros, segundo o delegado, têm identificação raspada, pois caso sejam apreendidos, a polícia não consegue rastrear e chegar até a organização criminosa. Além disso, o grupo faz gambiarras, como a instalação de galões de combustível nas aeronaves para voarem por mais tempo e mais longe, sem a documentação adequada.
Fonte: g1