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Mesmo após acordo com o grupo de mercenários Wagner, a situção de Putin é delicada

Em cerca de 24 horas, o Grupo Wagner – uma organização russa de mercenários que luta na guerra da Ucrânia ao lado das tropas de Moscou – disse ter sido bombardeado por mísseis russos, organizou uma rebelião, tomou o controle da cidade de Rostov-on-Done esteve a ponto provocar um conflito em Moscou.

Os desdobramentos fizeram a tensão escalar e chegar muito perto de um conflito direto entre as duas tropas em plena capital russa.

As tropas que marchavam rumo a Moscou, recuaram e começaram a retornar à sua base, em Rostov-on-Don, no sábado (24), após ordem do líder do grupo, Yevgeny Prigozhin. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que houve uma negociação, seguida de um acordo entre as duas partes, intermediado pelo governo de Belarus.

O chefe da força mercenária Wagner, Yavgeny Prigohin, se mudará para Belarus sob um acordo mediado pelo presidente bielorrusso, alexandr Lukashenko, para encerrar um motim armado que Prigozhin comandou contra a liderança militar da Rússia.

A ida do líder do Grupo Wagner para Belarus coincidirá com o arquivamento das acusações criminais contra ele.

O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, deixa a cidade de Rostov depois de acordo com o governo russo para conter rebelião, em 24 de junho de 2023. – Foto: Alexander Ermochenko/ Reuters

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Lukashenko se ofereceu para mediar, com o acordo do presidente russo, Vladimir Putin, porque ele conhecia Prigozhin pessoalmente há cerca de 20 anos.

“Você vai me perguntar o que acontecerá com Prigozhin pessoalmente? O processo criminal contra ele será arquivado. Ele próprio irá para Belarus”, afirmou Peskov.

O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ordenou que suas tropas dessem meia-volta e interrompessem a ofensiva em direção a Moscou neste sábado (24). O líder alegou que a medida foi tomada para evitar derramamento de sangue.

“Estamos virando nossas colunas e voltando em direção aos nossos acampamentos de campo, conforme o plano”, disse ele em mensagem no Telegram.

Prigozhin disse que suas tropas avançaram 200 km em direção à capital russa nas últimas 24 horas.

O gabinete do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, disse neste sábado (24) que negociou um acordo com Prigozhin, que concordou em reduzir a escalada da situação.

O anúncio, transmitido pelo canal oficial Telegram da presidência bielorrussa, disse que Prigozhin concordou em interromper o movimento de combatentes do grupo em toda a Rússia.

As tropas do grupo mercenário Wagner, liderado por Yevgeny Prigozhin, deixaram neste domingo, 25, as cidades de Voronej e Lipetsk, no sul da Rússia, próximo à fronteira com a Ucrânia, um dia após o fim do motim que tinha intenção de avançar até Moscou. Segundo autoridades locais, as retiradas aconteceram “sem incidentes”.

A situação política do presidente Vladimir Putin ainda é delicada, mesmo com o recuo do grupo de mercenários. A rebelião na Rússia trouxe incertezas também para o futuro da guerra na Ucrânia.

Desde a invasão russa na Ucrânia, há um ano e quatro meses, a imagem que Vladimir Putin procura transmitir é a de homem forte e senhor da guerra.

Em rede nacional o presidente russo prometeu liquidar a rebelião mas acusou o golpe, a punhalada amiga que levou nas costas.

Analistas apontam que a saída de mercenários da região do Donbass em direção a Moscou pode ter deixado o território ocupado pelos russos mais vulnerável, facilitando uma retomada pelas forças ucranianas, mas isso não significa necessariamente um fim mais rápido para a guerra.

Tropas do grupo de mercenários Wagner voltam para suas bases no sul da Rússia após acordo que encerrou motim — Foto: Stringer/Reuters

Vladimir Putin falou em punhalada nas costas, mas o conflito com o grupo Wagner mostra mais uma vez ao mundo que o uso de mercenários em guerras e conflitos pode ser um tiro no pé. A falta de registros e contratos oficiais e de controle por parte do governo revelou o perigo do grupo paramilitar. O momento é ruim para Putin e preocupante para líderes mundiais que acompanham a crise.

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