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Morre Roberto Dinamite, o maior ídolo do Vasco 

O futebol brasileiro perdeu uma referência e o Vasco o grande ídolo. Morreu ontem (8/1) Carlos Roberto de Oliveira, o Roberto Dinamite, maior artilheiro da história do Cruz-Maltino e jogador com mais jogos pelo clube. Ele tinha 68 anos e desde o fim de 2021 fazia tratamento para tumores descobertos na região do intestino.

Pelo Cruz-Maltino, Dinamite foi campeão do Campeonato Brasileiro de 1974, dos Cariocas de 1977, 1982, 1987, 1988 e 1992, das edições do Troféu Ramón de Carranza em 1987 e 1988, dentre outros.

Fora das quatro linhas, Dinamite elegeu-se vereador em 1992, pelo PSDB. Em 1994 se elegeu deputado estadual, cargo que ocuparia ainda por mais quatro mandatos. Também foi presidente do Vasco por duas gestões, entre 2008 e 2014.

Roberto Dinamite não leva consigo só um pedaço imenso do coração vascaíno, maior ídolo que foi de uma torcida gigantesca. Carrega também um tempo inteiro, em que as rivalidades eram mais doces e o país, mais poético. Aqueles anos 1980, do Circo Voador e dos jogos que ganhavam nomes que só o Rio de Janeiro era capaz de oferecer.

Roberto Dinamite – Foto reprodução

Roberto foi a estrela de muitos deles.

O jogo da poça d’água, por exemplo. A quarta-feira, 2 de dezembro de 1981, foi de tempestade por todo o dia, no Rio, reuniu a zona norte e zona sul em suas ruas inundadas, até chegar ao Maracanã, no meio da noite. O Vasco tinha de vencer o Flamengo pelo segundo Clássico dos Milhões seguido, para forçar a terceira partida da decisão do Campeonato Carioca.

Havia 45 mil espectadores que esperaram até os 43 minutos do segundo tempo, por um cruzamento que se aproximou de Roberto. Como se a bola quisesse ser chutada por seu artilheiro, parou na poça d’água. Roberto finalizou e fez Vasco 1 x 0. O Flamengo seria campeão no domingo seguinte, vencendo o Vasco por 2 x 1, diante de 161 mil torcedores, numa partida conhecida como “jogo do ladrilheiro.” Esta já é outra história.

Vale a primeira, de Roberto heróico. Só os cariocas são capazes destes epítetos para um dia de futebol, ou para um craque de bola.

“Explode o garoto Dinamite no Maracanã.” Este é outro destes exemplos. A manchete criada pelo jornalista Aparício Pires, no Jornal dos Sports de 26 de novembro de 1971, para exaltar o primeiro gol de Roberto em Campeonatos Brasileiros. Vitória vascaína por 2 x 0 sobre o Internacional. Dinamite marcou 190 no Brasileirão, conta inicialmente feita pela revista Placar, em 1992, jamais contestada. Dos 190, nove pela Portuguesa, 181 pelo Vasco.

Roberto é um herói do futebol brasileiro. Está para a torcida do Vasco, como Zico está para a torcida do Flamengo e, injustamente, não tanto para os livros da seleção. Merecia. Ganhou a posição de Reinaldo no Mundial da Argentina. Tratou-se do tema como se fosse imposição do presidente da CBD, Heleno Nunes.

Roberto tirou de letra. Fez três gols, um deles salvador. Não fosse seu domínio perfeito e a finalização com que dinamitou o goleiro austríaco, Koncilia, o Brasil poderia ter sido eliminado na fase de grupos, na Copa da Argentina. Graças a Roberto, Brasil 1 x 0 Áustria.

Roberto vestia a camisa 10, o que faz muita gente jovem entender que fosse meia esquerda. Era centroavante dos bons, que reunia a potência de Vavá com a técnica de Careca. Ninguém ousou desafiar o Flamengo de Zico e Júnior, na década de 1980, como o Vasco de Roberto. Basta dizer que, um ano depois do gol da poça d’água, contra um Flamengo campeão do mundo, o Vasco dinamitou a final e conquistou o título carioca com vitória por 1 x 0.

Roberto é a história do Vasco. O maior ídolo de um povo.

Já não seria pouco, mas é ainda mais do que isto. Também é um mito do futebol do Brasil.

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