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Morre Silvio Santos aos 93 anos, ícone da televisão brasileira

O apresentador e empresário Silvio Santos morreu aos 93 anos neste sábado (17). Segundo o hospital Albert Einstein. A causa da morte do apresentador foi em decorrência de broncopneumonia após infecção por H1N1, informou boletim médico divulgado pelo hospital.

“O Hospital Israelita Albert Einstein confirma com pesar o falecimento de Senor Abravanel, o Silvio Santos, aos 93 anos, no dia de hoje, 17 de agosto de 2024, às 4h50, em decorrência de broncopneumonia após infecção por Influenza (H1N1). O Hospital Israelita Albert Einstein se solidariza com a família e todos que sofrem com a perda”, diz o documento.

O SBT publicou um post no X (antigo Twitter): “Hoje o céu está alegre com a chegada do nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria”.

“Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial e somos muito felizes pelo presente que Deus nos deu e por todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos. Aquele sorriso largo e voz tão familiar será para sempre lembrada com muita gratidão. Descansa em Paz que você sempre será eterno em nossos corações”, concluiu o comunicado.

O apresentador foi um dos maiores nomes da televisão brasileira, em especial à frente do Programa Silvio Santos, que comandava desde 1963, e do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, que entrou no ar em 1981.

Em 18 de julho de 2024, o comunicador foi internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, para se recuperar de H1N1. Teve alta dois dias depois. Em 1º de agosto do mesmo ano, voltou a ser hospitalizado, segundo a assessoria de imprensa da emissora, para passar por exames de imagem.

Silvio Santos nasceu com o nome de batismo Senor Abravanel, em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Seus pais, Alberto e Rebeca, eram imigrantes de origem judia, e ele foi o mais velho de cinco irmãos.

Estudou contabilidade e, no tempo livre, trabalhava como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, vendendo canetas e capas de plástico para títulos de eleitor nas eleições de 1946. Na mesma época, começou a fazer pequenos trabalhos de locução de rádio.

Aos 18 anos, em 1948, serviu o Exército na Escola de Paraquedistas. Aos domingos, trabalhava para uma rádio no Rio. Após sair do exército, continuou como locutor, entre outros trabalhos, como a venda de anúncios em caixa de som na barca Rio-Niterói.

Em 1954, Silvio assinou o primeiro contrato fixo como locutor, na Rádio Nacional de São Paulo. Depois, foi chamado pelo empresário Manuel de Nóbrega para ser animador de seu programa na Rádio Nacional.

Em 1981, foi ao ar pela primeira vez o Sistema Brasileiro de Televisão. A popularidade que Silvio Santos já tinha conquistado à época, somada com a curiosidade de consumir algo novo, fizeram com que a emissora se destacasse na audiência, o que incomodou a Globo.

Silvio Santos em casa, rodeado pelas seis filhas – Foto: Reprodução

Recluso, irreconhecível e sem amigos: os últimos anos de Silvio Santos

Silvio Santos estava afastado do trabalho em frente às câmeras desde meados de 2022. Patrícia Abravanel estava apresentando o dominical Programa Silvio Santos. Daniela Beyruti, também herdeira, assumiu a presidência do grupo.

Pouco tempo após se afastar, o Homem do Baú declarou que pretendia voltar ao trabalho, mas isso nunca aconteceu. Em novembro de 2023, Cintia Abravanel, comentou o ‘sumiço’ do pai. Segundo contou, Silvio Santos já não era o mesmo e preferia ter uma vida reclusa.

“Ele tem 93 anos. O Silvio Santos que vocês querem está no YouTube. Ele não é mais aquela pessoa. Para ele também está sendo difícil não ser mais aquela pessoa. Ele fala: ‘Não gostei de brincar disso, ficar velho é muito ruim; dói tudo, corpo dói’. Para o lado artístico dele é difícil, ele não veste o corpo velho. E as pessoas não se tocam que aquele Silvio não existe mais”, declarou Cintia ao podcast PodTudo, apresentado por Christina Rocha.

Os amigos também sentiam a ‘ausência’ de Silvio Santos. Carlos Alberto de Nóbrega, apresentador do clássico A Praça é Nossa, conheceu o apresentador na juventude e, desde então, criaram laços fortes de amizade. Porém, desde seu afastamento da TV, Silvio não estava disposto nem a ter contato com amigos.

“Quando nos conhecemos eu tinha 18 anos, e ele 24. Eu vi o Silvio crescer e se tornar um monstro da comunicação. Eu quero ver o Silvio velho como eu estou, só que não tenho coragem, porque quero guardar dele a imagem do cara dinâmico. Já tentei ir lá [na casa dele] duas vezes, mas eu sei que ele não quer [visitas], que prefere ficar sozinho, então eu respeito. Já liguei duas vezes e não consegui falar. Ele só faz o que quer e fala com quem quer”, disse Carlos Alberto de Nóbrega, em declaração ao podcast de Carlos Tramontina.

De camelô ao “homem do Baú”

Senor Abravanel (o nome de batismo de Silvio Santos) nasceu no dia 12 de dezembro de 1930, na Lapa boêmia do centro do Rio de Janeiro, nas proximidades da Praça da Cruz Vermelha.

O pai, Alberto, era um comerciante judeu sefardita nascido na Grécia, e a mãe, Rebeca, uma jovem de origem turca que emigrou para o Brasil. Viciado em jogo, o pai esbanjava todos os ganhos, obrigando a mãe a se tornar costureira por encomenda para sustentar os filhos. Senor e seus cinco irmãos trabalharam desde cedo para ajudar nas despesas da casa.

A veia de empreendedor se manifestou aos 14 anos, quando se tornou camelô ao notar a margem de lucro obtida com a venda nas ruas. Começou com capas para título de eleitor e canetas, mercado aquecido naquele momento com o fim anunciado do Estado Novo de Getúlio Vargas e a realização da primeira eleição direta para presidente em 15 anos. O garoto chamava a atenção do público anunciando os produtos com truques de mágica, enquanto o irmão Leon ficava de olho no chefe da fiscalização.

Curiosamente, foi o próprio fiscal o primeiro a perceber o talento do jovem Senor e, ao invés de autuá-lo, mandou que procurasse um amigo na Rádio Guanabara. Concorrendo com outros 300 participantes, ganhou o primeiro lugar e foi contratado como locutor, porém, sem abandonar a profissão de ambulante.

Alguns anos depois, durante as viagens de barca entre o Rio e Niterói (onde batia ponto na Rádio Continental), fechou um contrato para instalar alto-falantes na barca e passou a anunciar produtos e tocar música para entreter os passageiros. Além da música e anúncios, na linha Rio-Paquetá foram acrescentados um bar e um bingo animado pelo próprio Senor – que, a essa altura, já se apresentava como Silvio Santos.

Passando uma temporada em São Paulo e trabalhando na Rádio Nacional, conheceu Manoel de Nóbrega (radialista e pioneiro da televisão brasileira, criador e apresentador da Praça da Alegria). O velho Nóbrega, a quem chamava de “meu pai de São Paulo” e amigo próximo até sua morte, em 1976, foi quem ofereceu participação no negócio que seria a grande virada em sua vida: Baú da Felicidade.

Vida pessoal e amorosa

O apresentador sempre foi discreto em relação à sua vida pessoal. Além disso, nos anos 1960, quando ele começou a ganhar destaque na televisão, não era bem visto que artistas fossem casados. A ideia era que eles não perdessem o encanto das admiradoras.

Apesar de evitar o assunto, na época, ele já era casado com Maria Aparecida Abravanel. Eles se conheceram quando o apresentador ainda trabalhava em rádio e se casaram em 1962. Do relacionamento tiveram: Cintía, além de adotar Silvia. Em 1977, Cidinha, como era conhecida, morreu por causa de um câncer.

Em 1981, ele voltou a se casar, desta vez, com Íris Abravanel. Eles já se conheciam desde 1975, mas mantinham apenas relação de amigos. Após a viuvês de Silvio, eles passaram a se relacionar. Do romance vieram outras filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata. Em 1990, o casal passou por uma breve crise por causa de ciúme, mas reatou em 1992.

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