Precisão cirúrgica, Israel contornou defesa aérea, atingiu instalações nucleares e matou autoridades do Irã

Fumaça sobe de uma explosão após os ataques israelenses ao Irã, em Teerã, neste domingo (15) – Foto: Hamid Amlashi/Reuters
Os ataques de Israel no conflito com o Irã, que começaram na última sexta-feira (13) e continua nesta segunda (16), já somam 224 mortes, incluindo a de líderes militares e cientistas iranianos. Mesmo diante de retaliação por parte de Teerã, especialistas apontam vantagem das forças israelenses ao realizarem ataques que conseguem contornar a defesa aérea iraniana, matar autoridades e atingir instalações nucleares.
Os ataques de Israel:
- Mataram líderes militares como Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Mohammad Kazem, chefe de inteligência da corporação, Mohammad Bagher, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã;
- Mataram, também, cientistas considerados essenciais para os programas nucleares e de mísseis em ações secretas realizadas por comandos treinados pelo Mossad;
- Atingiram a principal usina nuclear do Irã, Natanz, destruindo toda a infraestrutura elétrica, os geradores emergenciais de energia e uma seção onde o urânio era enriquecido. Houve danos significativos às instalações nucleares de Isfahan
- Conseguiram destruir uma aeronave de abastecimento no extremo leste do Irã, a 2,3 mil km – alvo mais distante até aqui.
- Atingiram diversos bairros da capital iraniana, Teerã;
- E deixaram 224 mortos, incluindo civis.
Os ataques do Irã deixaram danos menores. Desde o início do conflito, 19 pessoas morreram em Israel, e não há registros de ataques de grande porte bem-sucedidos contra instalações ou comandantes militares.
Para especialistas, o conflito expõe a dificuldade de Irã em defender seu território e atacar o adversário.
Enfraquecimento de aliados
Segundo o cientista político Carlos Gustavo Poggio, o Irã enfrenta uma situação geopolítica delicada.
Isolado internacionalmente, com apoio limitado da Rússia, de quem depende para ter acesso a armas mais modernas, mas que está envolvida no confronto com a Ucrânia e com milícias aliadas em colapso no Líbano, Iraque e Síria, Teerã vê sua influência regional diminuir.
O Hezbollah, grupo armado baseado no Líbano e um dos mais importantes aliados do Irã, foi alvo do Israel durante um conflito que se estendeu de 2023 e 2024. Nele, diversas lideranças do grupo libanês foram mortas, e estruturas – como fábrica de drones – foram destruídas.
A queda do regime de Bashar al-Assad, aliado-chave na Síria, comprometeu ainda mais suas rotas de abastecimento e apoio a grupos como o Hezbollah.
“O Irã está praticamente isolado nesta guerra do ponto de vista de aliados, tanto não estatais [como o Hezbollah], quanto aliados estatais. O apoio da Rússia certamente não é um apoio decisivo e mesmo que quisesse, a Rússia tem os seus próprios problemas com a guerra na Ucrânia, que tem sido muito mais custoso do que a Rússia havia antecipado”, disse Poggio à GloboNews neste domingo.