Oscar 2025: “Ainda Estou Aqui” ganha como Melhor Filme Internacional

Walter Salles recebe Oscar de melhor filme internacional por ‘Ainda estou aqui’ – Foto: Chris Pizzello/AP
O longa-metragem Ainda Estou Aqui fez história na 97ª edição do Oscar, realizada neste domingo, 2, e conquistou a primeira estatueta da história do Brasil na premiação. O filme protagonizado por Fernanda Torres venceu na categoria Melhor Filme Internacional e bateu indicados como Emilia Pérez, obra que acumulava 13 indicações, maior número deste ano, Garota da Agulha (Dinamarca), A Semana do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
Já na premiação geral, o grande vencedor foi “Anora”, que venceu como melhor filme e em outras quatro categorias. Só seu diretor, Sean Baker, se tornou a primeira pessoa a ganhar quatro estatuetas pela mesma produção.
“O brutalista” conseguiu três prêmios no total. Entre eles, o de melhor ator, para Adrien Brody. “Emilia Pérez”, “Wicked” e “Duna: Parte 2” levaram dois cada.
Antes do Oscar, o longa também recebeu uma série de prêmios: Globo de Ouro, Goya, Festival de Veneza e Festival Internacional de Roterdã.
Para o diretor Walter Salles, a produção mobilizou tanta gente por ser uma história sobre resistência — em um contexto de fragilidade da democracia em todo o mundo.

Foto: Divulgação
Ainda Estou Aqui é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e traz como protagonista Eunice Paiva (Fernanda Torres), mulher que precisou lidar com o sequestro e o assassinato de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, no período da ditadura militar (1964-1985).
O casal tinha cinco filhos – um deles, Marcelo.
O filme traz a incansável busca de Eunice por justiça por seu marido e sua família, o que a transformou em um símbolo de resistência contra a ditadura militar. Ao mesmo tempo, mostra como ela manteve firme a sua família.
No Brasil, Ainda Estou Aqui arrecadou R$ 104,6 milhões, consolidando-se como a terceira maior bilheteria do país desde 2018, ano de início da série histórica da Ancine. Com mais de 5,1 milhões de espectadores no território nacional, o filme também tem se destacado no exterior, somando um total de US$ 27,4 milhões (aproximadamente R$ 159 milhões).
É o primeiro filme brasileiro a conquistar a categoria, mas não o primeiro vencedor falado em português. No Oscar de 1960, o filme “Orfeu Negro”, que é uma coprodução entre Brasil, França e Itália, rodada no Rio de Janeiro, venceu como melhor filme internacional. O filme, porém, representou a França na premiação, que levou a estatueta para casa.
Clima de Copa do Mundo
A coincidência das datas da maior premiação do cinema com o carnaval brasileiro acabou em clima de torcida da Copa do Mundo. Máscaras de Fernanda Torres e de Selton Mello, fantasias da estatueta dourada do prêmio, boneco gigante de Olinda, entre outras referências ao Oscar, estiveram presentes em desfiles e blocos carnavalescos pelo país inteiro.
Com suas indicações, o filme de Walter Salles sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva (1929-1971) e a saga de sua esposa Eunice Paiva (1929-2018) já chegou vitorioso à festa da indústria cinematográfica.
Especialistas consultados pela Agência Brasil disseram que, entre as qualidades do filme, estão a capacidade de abordar o passado de uma forma diferente e a maneira como a obra conseguiu dialogar com os tempos atuais.
O livro autobiográfico que nomeia o filme, de autoria de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice, foi para o topo das listas dos mais vendidos. O próprio caso Rubens Paiva ganhou novos desdobramentos recentemente. Por determinação da Justiça, em janeiro deste ano a certidão de óbito do ex-deputado foi corrigida. Na versão original do documento, ele foi tido como “desaparecido político”. Na nova redação, consta agora que sua morte foi violenta, causada pelo Estado brasileiro.
Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu analisar se a Lei da Anistia, adotada com o fim do regime de exceção, se aplica ou não a crimes de sequestro e cárcere privado cometidos na época da ditadura militar brasileira.

Walter Salles e Fernanda Torres se cumprimentam após anúncio de ‘Ainda estou aqui’ como melhor filme internacional do Oscar 2025 – Foto: Carlos Barria/Reuters
Lista completa dos vencedores:
Melhor filme
- ‘Anora’ (VENCEDOR)
- ‘O brutalista’
- ‘Um completo desconhecido’
- ‘Conclave’
- ‘Duna: Parte 2’
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Ainda estou aqui’
- ‘Nickel boys’
- ‘A substância’
- ‘Wicked’
Atriz
- Cynthia Erivo – ‘Wicked’
- Karla Sofía Gascón – ‘Emilia Pérez’
- Mikey Madison – ‘Anora’ (VENCEDORA)
- Demi Moore – ‘A substância’
- Fernanda Torres – ‘Ainda estou aqui’
Direção
- Sean Baker – ‘Anora’ (VENCEDOR)
- Brady Corbet – ‘O brutalista’
- James Mangold – ‘Um completo desconhecido’
- Jacques Audiard – ‘Emilia Pérez’
- Coralie Fargeat – ‘A substância’
Ator
- Adrien Brody – ‘O brutalista’ (VENCEDOR)
- Timothée Chalamet – ‘Um completo desconhecido’
- Colman Domingo – ‘Sing sing’
- Ralph Fiennes – ‘Conclave’
- Sebastian Stan – ‘O aprendiz’
Trilha sonora
- ‘O brutalista’ (VENCEDOR)
- ‘Conclave’
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Wicked’
- O robô selvagem’
Filme internacional
- ‘Ainda estou aqui’ – Brasil (VENCEDOR)
- ‘A garota da agulha’ – Dinamarca
- ‘Emilia Pérez’ – França
- ‘A semente do fruto sagrado’ – Alemanha
- ‘Flow’ – Letônia
Fotografia
- ‘O brutalista’ (VENCEDOR)
- ‘Duna: Parte 2’
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Maria Callas’
- ‘Nosferatu’
Filme de curta-metragem
- ‘A lien’
- ‘Anuja’
- ‘I’m not a robot’ (VENCEDOR)
- ‘The last ranger’
- ‘The man who could not remain silent’
Efeitos visuais
- ‘Alien: Romulus’
- ‘Better Man: A História de Robbie Williams’
- ‘Duna: Parte 2’ (VENCEDOR)
- ‘Planeta dos Macacos: O Reinado’
- ‘Wicked’
Som
- ‘Um completo desconhecido’
- ‘Duna: Parte 2’ (VENCEDOR)
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Wicked’
- ‘O robô selvagem’
Documentário
- ‘No other land’ (VENCEDOR)
- ‘Black box diaries’
- ‘Porcelain war’
- ‘Soundtrack to a coup d’etat’
- ‘Sugarcane’
Documentário de curta-metragem
- ‘The only girl in the orchestra’ (VENCEDOR)
- ‘Death by numbers’
- ‘I am ready, warden’
- ‘Incident’
- ‘Instruments of a beating heart’
Canção original
- ‘El Mal’ – ‘Emilia Pérez’ (VENCEDOR)
- ‘The journey’ – ‘The six triple eight’
- ‘Like a bird’ – ‘Sing sing’
- ‘Mi camino’ – ‘Emilia Pérez’
- ‘Never too late’ – ‘Elton John: Never too late’
Direção de arte
- ‘O brutalista’
- ‘Conclave’
- ‘Duna: Parte 2’
- ‘Nosferatu’
- ‘Wicked’ (VENCEDOR)
Atriz coadjuvante
- Monica Barbaro – ‘Um completo desconhecido’
- Ariana Grande – ‘Wicked’
- Felicity Jones – ‘O brutalista’
- Isabella Rossellini – ‘Conclave’
- Zoe Saldaña – ‘Emilia Pérez’ (VENCEDORA)
Montagem
- ‘Anora’ (VENCEDOR)
- ‘O brutalista’
- ‘Conclave’
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Wicked’
Maquiagem e cabelo
- ‘Um homem diferente’
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Nosferatu’
- ‘A substância’ (VENCEDOR)
- ‘Wicked’
Roteiro adaptado
- ‘Um completo desconhecido’
- ‘Conclave’ (VENCEDOR)
- ‘Emilia Pérez’
- ‘Nickel boys’
- ‘Sing sing’
Roteiro original
- ‘Anora’ (VENCEDOR)
- ‘O brutalista’
- ‘A verdadeira dor’
- ‘Setembro 5’
- ‘A substância’
Figurino
- ‘Um completo desconhecido’
- ‘Conclave’
- ‘Gladiador 2’
- ‘Nosferatu’
- ‘Wicked’ (VENCEDOR)
Curta-metragem animado
- ‘Beautiful men’
- ‘In the shadow of cypress’ (VENCEDOR)
- ‘Magic candies’
- ‘Wander to wonder’
- ‘Yuck!’
Animação
- ‘Flow’ (VENCEDOR)
- ‘Divertida mente 2’
- ‘Memórias de um caracol’
- ‘Wallace & Gromit: Avengança’
- ‘O robô selvagem’
Ator coadjuvante
- Yura Borisov – ‘Anora’
- Kieran Culkin – ‘A verdadeira dor’ (VENCEDOR)
- Edward Norton – ‘Um completo desconhecido’
- Guy Pearce – ‘O brutalista’
- Jeremy Strong – ‘O aprendiz’