PCC pagava R$ 800 mil para piloto levar cocaína para a Bélgica

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O PCC (Primeiro Comando da Capital) tem utilizado aeronaves de pequeno porte para transportar cocaína do Brasil para a Europa. Esse esquema sofisticado envolve a corrupção de funcionários e o uso de rotas aéreas estratégicas, tornando-se um negócio altamente lucrativo para a facção criminosa.
Conversas interceptadas pela Polícia Federal revelam que o PCC paga quantias significativas para garantir o sucesso de suas operações. Um exemplo disso é o pagamento de R$ 800 mil a pilotos para transportar uma tonelada de cocaína até a Bélgica. O destino final da droga é frequentemente o Reino Unido, onde os lucros são multiplicados em comparação ao mercado brasileiro.
A Polícia Federal (PF) entre Willian Barile Agati, o Senna, e dois comparsas, identificados como Don Corleone e Pato Donald, ilustram as quantias milionárias movimentadas pela facção para transportar a droga, que em solo europeu pode render lucros 10 vezes acima do valor praticado em território brasileiro.
Senna está preso desde janeiro e, em março, foi transferido para a mesma penitenciária de segurança máxima, em Brasília, onde Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, cumpre pena, desde 2023.
Somente os dois pilotos do jatinho particular, pertencente a Senna, chamado pela polícia de “concierge do PCC”, receberam, cada um, R$ 800 mil para levar cerca de 1 tonelada de cocaína à Bélgica, de onde a carga seguiria, por via terrestre, até a Inglaterra, em novembro de 2020.
O poder econômico do PCC possibilita, como consta em relatório policial, inclusive o pagamento de propina no aeroporto da capital belga. A corrupção dos funcionários “para não haver problemas no descarregamento das drogas”, era viabilizada pelo criminoso identificado nas trocas de mensagem como Pato Donald.
Como o PCC opera no transporte aéreo?
O PCC utiliza uma rede complexa de colaboradores para viabilizar o transporte aéreo de cocaína. As aeronaves partem de aeroportos brasileiros, como o de Boa Vista, em Roraima, com destino à Europa. Para evitar problemas durante o desembarque, a facção suborna funcionários de aeroportos, garantindo que a carga chegue ao destino sem contratempos.
Werner Pereira da Rocha, administrador do aeroporto de Boa Vista, foi identificado como um dos facilitadores do esquema. Ele recebia R$ 250 mil por viagem, além de colaborar com um suposto agente da Receita Federal para evitar fiscalizações rigorosas. Os comparsas do PCC se passavam por turistas, simulando viagens legítimas para despistar as autoridades.

Quais são as estratégias de ocultação utilizadas?
Para ocultar a cocaína, o PCC utiliza técnicas engenhosas, como a instalação de fundos falsos nas aeronaves e o uso de bagagens de mão, que não são fiscalizadas. Antes de realizar os voos internacionais, a facção realizava simulações entre cidades do interior de São Paulo, utilizando toras de madeira no lugar da droga para testar suas estratégias de ocultação.
Além disso, a facção emprega laranjas no ramo da aviação para operar voos clandestinos. As rotas mais comuns incluem deslocamentos entre a Bolívia, o Paraguai e o Brasil, com pousos em pistas clandestinas ou lançamentos aéreos para coleta em locais predeterminados.