Economia

Petrobras pagou maiores dividendos do mundo no segundo trimestre de 2022

A Petrobras se tornou a maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre de 2022, de acordo com a 35ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson, à frente de empresas como Nestlé, Mercedes-Benz e Microsoft.

De acordo com especialistas consultados pelo UOL, a melhora na gestão da estatal, combinada com a alta do petróleo e a antecipação dos pagamentos, fez com que a companhia brasileira alcançasse o posto. Há, porém, a possibilidade de a empresa perder o status em breve.

Como os resultados da Petrobras afetam o Brasil? Os dividendos são a distribuição de parte do lucro aos acionistas. Como a União é a maior acionista individual da empresa, com mais de 50% das ações com direito a voto e cerca de 29% do total, segundo dados da B3, só neste ano o país já recebeu cerca de R$ 64 bilhões de dividendos da petroleira.

Segundo Guilherme Paiva, analista da MundoInvest, a distribuição dos dividendos pela petroleira pode ter ajudado o país a melhorar as contas públicas em um momento em que o governo Bolsonaro aumenta os gastos.

“Essa distribuição de dividendos pode ter tido, também, uma influência política, principalmente pelo fato de o governo ter uma participação significativa na Petrobras e se beneficiar do pagamento, engordando o caixa em um momento de PEC dos Auxílios e de despesas para além do teto de gastos”, disse.

Isso pode trazer algum problema para o Brasil? Segundo analistas, ao distribuir grande parte do lucro obtido aos acionistas, a petroleira deixa de investir em projetos de inovação, importantes em um setor que poderá acabar no longo prazo, como o de combustíveis fósseis.

Além disso, a Petrobras pode ficar sem dinheiro em caixa em caso de oscilações do petróleo para baixo, puxando o preço do barril para patamares menores que US$ 60.

“A empresa pode ficar descapitalizada e ter pouco recurso para se proteger das oscilações do petróleo, mas acredito que seja difícil isso acontecer pois há um planejamento”, afirma Paiva.

Como foi possível distribuir tanto lucro, até maior que concorrentes do setor? Para Paulo Luives, da Valor Investimentos, a alta na distribuição dos dividendos da Petrobras está ligada à melhora da gestão.

“A empresa, nos últimos anos, reestruturou-se muito bem em termos de controlar endividamento, focar na exploração do pré-sal, fez muitos desinvestimentos, saindo de áreas que não eram estratégicas ao negócio, e isso permitiu que ela enxugasse estrutura e gerasse caixa”, disse.

Além disso, a alta dos preços do petróleo no mercado internacional fez com que a empresa ganhasse mais dinheiro do que o previsto.

Soma-se a boa gestão ao momento positivo no setor de petróleo. Com dívida controlada e sem planos de investimentos muito grandes, ela consegue gerar muito caixa e distribuir para seus acionistas, afirma o especialista.

O que acontece daqui para a frente? A Petrobras deverá continuar a distribuir os dividendos, mas não no mesmo volume. Isso porque a petroleira optou por antecipar a distribuição dos lucros deste ano já em agosto.

Ao final de cada ano, a empresa apura os resultados, e no ano seguinte apura os dividendos. Se ela tem uma dívida baixa, pode antecipar os dividendos. Ao todo, 52% do pagamento foi de adiantamento, e o restante foi o 2021, diz Guilherme Paiva.

Apesar disso, o projeto da estatal é manter a política de distribuição de dividendos aos acionistas.

No plano de governança para os próximos cinco anos, está prevista a manutenção na política de dividendos, afirma Paulo Luives.

Mas há também a possibilidade de mudança de governo federal. Uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera a corrida atualmente, pode fazer com que a estatal altere a política de distribuição de dividendos.

Quais as outras empresas no ranking? As maiores pagadores de dividendos do mundo no 2º trimestre segundo a Janus Henderson são:

Petrobras

Nestlé

Rio Tinto

China Mobile

Mercedes-Benz Group

BNP Paribas

EcoPetrol

Allianz

Microsoft Sanofi

juo

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