Economia

Petróleo dispara e supera os US$ 90 com escalada da guerra

O preço do petróleo disparou nesta sexta-feira (13), em meio à guerra entre Israel e Hamas. O barril de Brent (referência internacional) terminou o dia em alta de 5,58%, a US$ 90,80, maior valor desde o último dia 3.

O temor de investidores é que o Irã se envolva no conflito com a incursão terrestre do exército israelense na faixa de Gaza. Essa participação pode ter impactos diretos na produção mundial de petróleo.

O Irã é o 9º maior produtor mundial, segundo relatório da IEA (Agência Internacional de Energia) de julho deste ano. Caso a guerra impacte a produção iraniana, o barril de petróleo deve subir US$ 1 a cada 100 mil barris a menos do país, diz análise do Goldman Sachs.

Nesta sexta, o ministro do Petróleo iraniano, Javad Owji, disse que os preços devem chegar a US$ 100 devido à atual situação do Oriente Médio.

Outro fator para a disparada da commodity é a nova sanção imposta, na quinta (12), pelos Estados Unidos. O país proibiu negócios em solo americano as empresas proprietárias de navios-tanque que transportam petróleo russo com preço acima do limite do G7 de US$ 60 por barril, para fechar brechas no mecanismo criado para punir Moscou pela invasão da Ucrânia.

A Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e um grande exportador, e o escrutínio mais rigoroso dos EUA sobre suas remessas pode reduzir o fornecimento.

Também na quinta, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) manteve sua previsão de crescimento da demanda global de petróleo, citando sinais de uma economia mundial resiliente até o momento e a expectativa de novos ganhos de demanda na China, o maior importador de petróleo do mundo.

A valorização do óleo impulsionou as ações de petroleiras brasileiras na Bolsa de Valores. A Petrobras subiu 3,30%, a R$ 36,28. A PetroRio teve alta de 5,04%, a R$ 50,00. A 3R Petroleum subiu 3,19%, a R$ 32,31 cada ação.

O Ibovespa, porém, não consegue acompanhar o movimento. O índice recuou 1,10%, a 115.754 pontos, na volta de feriado. Na semana, acumulou leve alta de 0,5%.

Ontem, os índices de ações brasileiras negociadas em Wall Street tiveram fortes quedas, o que se refletiu na desvalorização da Bolsa nesta sexta. O índice EWZ, que reúne 47 papéis de companhias listadas na B3, caiu 2,05%. O Brazil Titans 20, que conta com 20 ações brasileiras, perdeu 1,85%.

Apesar de ter ajudado a impulsionar as ações de petrolíferas, a alta dos preços do petróleo também trouxe algum início de preocupação com a inflação global. “Se esse aumento de preço vier para ficar, no médio prazo, essa defasagem terá que vir para os preços dos derivados”, disse Victor Luiz Martins, analista sênior da Planner Corretora.

Já o dólar subiu 0,74%, a R$ 5,0880, após quatro sessões de queda. Na semana, a moeda acumulou perda de 0,83%.

Investidores também estão repercutindo a inflação americana mais forte do que o esperado e uma inflação chinesa mais fraca do que o previsto.

Na quinta, o governo dos EUA divulgou que a inflação subiu 3,7% em setembro, na comparação anual, mesmo patamar de agosto e 0,1 ponto percentual acima do previsto. O maior ponto de atenção, segundo especialistas, são os avanços surpreendentes nos custos de aluguel e de gasolina. Os dados levaram o mercado a precificar juros mais altos por mais tempo. A taxa dos EUA está na faixa de 5,25% a 5,50%, a mais alta desde 2001.

Contribuindo para o clima cauteloso nesta sexta, dados abaixo do esperado da inflação chinesa divulgados na madrugada reforçaram temores sobre enfraquecimento da demanda no país.

Os preços ao consumidor da China vacilaram e os preços de fábrica encolheram um pouco mais do que o esperado em setembro, com ambos os indicadores mostrando pressões deflacionárias persistentes na segunda maior economia do mundo.

Em Nova York, o índice S&P 500 fechou em queda de 0,50% e o Nasdaq, de 1,23%. O Dow Jones teve leve alta de 0,12%.

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