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PF prende advogados, empresários e funcionários da Caixa, suspeitos de dar golpe de R$ 40 milhões com fraudes em financiamentos agropecuários em Goiás

Veículos apreendidos, em operação da PF contra empresários, advogados e funcionários da Caixa, suspeitos de dar golpe de R$ 40 milhões com fraudes em financiamentos agropecuários em Goiás – Foto: Divulgação/PF-GO

Operação da Polícia Federal (PF) cumpre mandados contra empresários, advogados e funcionários da Caixa Econômica Federal, suspeitos de fraudes em financiamentos agropecuários. A PF estima que o prejuízo causado pelo grupo ultrapassa R$ 40 milhões a instituição financeira.

A Operação denominada “Paper Land”, cumpre 18 mandados em 13 endereços nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde. A investigação indicou que o grupo cometia os crimes por meio de documentos falsos e corrupção de profissionais credenciados da Caixa.

O grupo composto por advogados, funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) e laranjas foram presos durante operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 16. Os criminosos são investigados por crimes contra o sistema financeiro nacional, organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.

As três camadas do grupo, que inclui a gestão (empresários e advogados), a parte operacional (financiadores, operadores financeiros, funcionários públicos) e laranjas, são alvo de 18 mandados judiciais que são cumpridos em 13 endereços da capital, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde. 

A PF apontou que a organização fraudava a obtenção de financiamentos agropecuários através do uso de documentos falsos e corrupção de profissionais credenciados junto à Caixa. Apenas entre 2022 e 2023 a instituição financeira sofreu um prejuízo de mais de R$ 40 milhões. 

A alta movimentação financeira fez com que os investigados levassem uma vida de luxo, ostentando viagens internacionais, além de veículos e imóveis de alto valor comercial, fazendo com que fosse determinado o bloqueio de contas bancárias utilizadas pelo grupo e o sequestro de ao menos 48 imóveis e 44 veículos de propriedade dos empresários, advogados e funcionários, além da constrição de criptoativos. Grande parte do patrimônio foi adquirido apenas em 2023.

PF cumpre mandados contra empresários e advogados suspeitos de dar golpe de R$ 40 milhões com fraudes em financiamentos agropecuários em Goiás – Foto: Divulgação/PF-GO

“Vimos que além daquela célula de crédito do contrato que deu início às investigações, havia pelo menos mais 15 [contratos] eivados do mesmo vício, do mesmo modus operandi. A organização trabalhou especificamente com uma agência da Caixa. A gerente desta agência estava envolvida com a organização e facilitava o cometimento das fraudes”, afirmou o delegado Vitor Bueno Cardoso.

O delegado afirma que as investigações começaram em fevereiro deste ano após a Caixa identificar e denunciar um contrato com indícios de falsificação. As fraudes, conforme Vitor, ocorriam por meio da adulteração de documentos de imóveis rurais, que tinham o selo e até a assinatura alteradas. 

O grupo também falsificava certidões de matrícula de cartórios. Uma das células de crédito, inclusive, chegou a ser recusada por uma repartição judicial pelos indícios de fraudes. Os imóveis que tinham a documentação falsificada eram avaliados por um dos funcionários da Caixa, que aumentava o preço em até 700%, sendo que em alguns casos, a propriedade sequer existia.

“Dava uma aparência lícita aquela documentação, que permitia a liberação dos valores do financiamento. Esses imóveis, antes emprestáveis, passaram a ser uma garantia hipotecária dos financiamentos. Os cartórios, à princípio, não participavam do esquema”, concluiu o delegado. 

O grupo é suspeito de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. A soma das penas dos crimes pode ultrapassar 42 anos de prisão, em caso de condenação.

Nota OAB-GO

“A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informa que tomou conhecimento da operação deflagrada pela Polícia Federal, denominada “PAPER LAND”. Diante das informações de que entre os investigados há advogados envolvidos, a OAB-GO, por meio da Comissão de Direitos e Prerrogativas, designou o subprocurador Eduardo Marques, lotado na cidade de Rio Verde (GO), para acompanhar de perto os desdobramentos da operação.

A OAB-GO reafirma seu compromisso com a ética e a legalidade, e acompanhará o caso com diligência. A Ordem destaca que não compactua com quaisquer práticas ilícitas e que continuará vigilante no combate à corrupção, atuando sempre em prol da justiça e da transparência”.

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