Em Goiânia, PM invadiu apartamento errado e espancou morador, após ser questionado
O gerente comercial Daniel da Silva Duarte, de 38 anos, denunciou que policiais militares invadiram o apartamento dele por engano ao serem chamados para um caso de agressão contra mulher, em Goiânia. Daniel contou que, na ocasião, foi espancado pelos militares. Um vídeo mostra a situação em que ele ficou após as agressões.
O caso aconteceu na terça-feira (19), no Setor Eldorado. A Polícia Militar afirmou que a corregedoria vai abrir um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias do que aconteceu e que não concorda com nenhum desvio de conduta. Além disso, a instituição alegou que, na ocasião, teria existido uma exaltação por parte de Daniel.
A PM também acrescentou que as partes foram conduzidas para a delegacia e que foi confeccionado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
Agressão
De acordo com o relato do gerente comercial Daniel da Silva à Polícia Civil, o caso aconteceu por volta das 22h20. Ele explicou que, na ocasião, a porta de seu apartamento estava semi-aberta por ele ter praticamente acabado de entrar no local, quando um policial militar fardado abriu a porta com a pistola na mão e perguntou o que estava acontecendo.
“Ela estava coisa de dez centímetros aberta e quando fui fechar, foi o momento em que eles empurraram ela com violência”, narrou Daniel.
Segundo o gerente, em determinado momento da abordagem, outro policial chegou atrás do primeiro militar e informou que eles tinham entrado no apartamento errado e que o apartamento da ocorrência de violência doméstica não era “aquele”, se referindo ao de Daniel.
“Naquele momento fiquei devolvendo a pergunta, porque eu não sabia o que estava acontecendo. Os ânimos foram aumentando ali”, completou Daniel.
Ao denunciar o caso, ele ainda relatou que falou ao policial que ele estava “louco de entrar no apartamento errado” e que, neste momento, foi espancado com socos no rosto. Daniel contou ao g1 que a agressão foi presenciada pelas três filhas dele de 3, 6 e 11 anos e pela companheira dele.
Versão da PM
Após a agressão, a Polícia Militar registrou uma outra versão dos fatos ao registrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). No documento, os policiais alegaram terem sido acionados pelo porteiro do prédio, que teria sido a pessoa que conduziu a equipe até o andar em que estariam ocorrendo as supostas agressões de violência doméstica. Ainda de acordo com o documento, o porteiro também teria indicado o número do apartamento de Daniel como sendo o local da agressão.
De acordo com a PM, ao sair do elevador, o referido apartamento estava com a porta aberta e um homem, que seria Daniel, estava próximo a porta. Os policiais descreveram que, ao tentar pedir que o morador “ficasse em silêncio para que tentassem conversar com a mulher ali presente, Daniel se exaltou, com tom de voz muito agressivo”.
O relato ainda alega que Daniel teria chamado o policial de ‘vagabundo, despreparado, corrupto e safado’. No entanto, acrescenta que, em dado momento, o referido porteiro teria recebido uma ligação afirmando que a suposta agressão de violência doméstica teria vindo de um apartamento ao lado e que, neste momento, Daniel teria partido para cima dos policiais.
Segundo os policiais, quando o condutor da equipe tentou conter Daniel, ele acabou sendo atingido no queixo.
Sobre a alegação de ter partido para cima dos policiais, Daniel nega.
“Não faz sentido eu ser agressivo na frente de três crianças, com uma pistola no meu peito”, disse
“O porteiro falou que falou várias vezes para eles o apartamento. Eles foram induzidos pelo erro da minha porta estar aberta”, completou.
Nota da Polícia Militar
“Na madrugada do dia 20/09/2023, equipe da PM foi acionada para atender ocorrência envolvendo agressão física contra uma mulher. Durante as averiguações foi realizada abordagem a um indivíduo havendo exaltação por parte do abordado. As partes foram conduzidas à Delegacia de Polícia sendo confeccionado um Termo Circunstanciado de Ocorrência.
Esclarecemos que a Corregedoria da PM irá instaurar um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias em que ocorreram os fatos.
A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta.”
Fonte: g1