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Polícia encontra carta de despedida de Walewska. Marido confirma crise no casamento de 20 anos com a medalhista olímpica

Medalhista de ouro e bronze em Olimpíadas, Walewska teve uma trágica morte, ontem, em São Paulo. Caiu do 17º andar de um prédio. Casamento estava em crise. Polícia investiga possível suicídio.

Uma pasta de folhas de papel-sulfite.

Nela, uma carta de despedida.

As imagens das câmeras do 17º andar de um prédio luxuoso, na região de Cerqueira César, em São Paulo.

Esses são os indícios que fazem a polícia paulista acreditar que a medalhista olímpica Walewska se suicidou, ontem, por volta das 18h. 

Tenha se atirado da área de lazer.

Ela tinha apenas 43 anos e veio para São Paulo para o lançamento de uma linha de chocolates saudáveis e divulgar a sua biografia. O livro se chama Entre Redes.

Walewska teve uma carreira brilhante. Medalha de ouro e bronze em Olimpíadas – Foto: Reprodução/Twitter

A tragica morte da jogadora chocou o mundo do esporte.

Até porque as pessoas que tiveram contato com ela, nos últimos dias de sua vida, não perceberam o menor sinal de depressão.

Pelo contrário, ela se mostrava animada, cheia de planos.

Como na sua última entrevista, para o jornalista Alexandre Oliveira, na quarta-feira (20), véspera de sua morte.

“Em nenhum momento passou qualquer problema que ela pudesse ter de questões de saúde mental ou de saúde física. Não transpareceu assim. Fica o nosso pesar, estou em choque. Ela era uma mulher incrível, totalmente fora da curva em termos de cultura, educação, de como conversar”, escreveu o jornalista nas suas redes sociais.

“Nunca imaginei, ela estava extremamente feliz. Falou que tinha ido no Palmeiras, conhecido o Abel Ferreira, dos planos de lançar uma marca de chocolate para pré-treino. Estava comandando um podcast sobre mentalidade olímpica, entrevistando figuras importantes no esporte nacional. Me pareceu mega-animada, e só nos faz pensar no quanto as coisas passam rápido. Temos que aproveitar muito quem está perto da gente”, complementou.

As frases da ex-atleta foram impactantes.

“Vou fazer 44 anos no dia 1º [de outubro], então tenho, pelo menos, mais 40 anos de vida produtiva. É um mundo inteiro que você tem que pensar quando ainda está dentro da quadra”, disse na entrevista.

Abel Ferreira ficou chocado com a morte de Walewska. Eles se econtraram há dois dias no Palmeiras – Foto: Reprodução/Palmeiras

“Quando disseram, nem acreditei, fiquei incrédulo. Acho mesmo que não vale a pena me chatear com futebol, tem que desfrutar. Infelizmente, é nesses momentos, que falamos da morte, que nós pensamos, realmente, qual é minha missão como homem, pai, filho. Tive oportundade de falar com ela, era capitã do time. Foi uma hora extraordinária de aprendizado”.

“Perguntei como foi a transição de estar no profissional e depois ter que deixar de jogar. Ela disse que é um luto, disse que queria passar mensagem que o jogador tem que se preparar para essa transição.”

Com coragem, ela abandonou a seleção brasileira, aos 28 anos. Para se dedicar apenas aos clubes. Jogou até dois anos atrás, aos 42 anos.

“Vi que estava perdendo um pouco a vida com a minha família, porque morava fora do Brasil e, quando vinha, três dias depois eu estava em Saquarema treinando com a seleção. Então, tive que tomar uma decisão, e minha família era a prioridade. Resolvi deixar a seleção para continuar desbravando o vôlei fora do Brasil, que era o que me alimentava naquele momento”, contou em entrevista à ESPN Brasil.

Walewska Oliveira era um exemplo de liderança, superação, força.

Dentro e fora das quadras.

Com uma carreira importantíssima no vôlei. Pela seleção brasileira, foi medalha de bronze, em 2000, e medalha de ouro, em 2008, quando foi considerada a melhor meio de rede do mundo.

Jogou em clubes brasileiros, na Itália, Espanha e Rússia.

Com o mesmo perfil lutador, de grande vibração e liderança.

Depois que parou de jogar, em 2021, se tornou especialista em palestras.

Os temas principais de suas palestras eram alta performance, disciplina e gestão de pessoas.

Ela tinha um podcast no qual falava sobre mentalidade olímpica.

“Ela era aquela atleta que todo técnico gostaria de ter, com disciplina, comprometimento, foco e preocupação com as outras jogadoras do time. Ela deixou um legado como atleta, sendo um dos maiores exemplos que eu já vi e pude vivenciar, em todos os momentos que tivemos juntos no clube e na seleção”, disse, chorando, Zé Roberto Guimarães, treinador da seleção feminina de vôlei, que ganhou a medalha de ouro em 2008, com Waleska.

Na última entrevista, a Alexandre Oliveira, ela mostrava o orgulho de sua trajetória.

“Sempre fui muito ligada ao processo. O processo para mim sempre foi muito importante. As pessoas no meu podcast olham a medalha de ouro e falam ‘nossa, não vou pegar’. Aí eu falo que é só um símbolo de todo o processo que me levou. Então quando eu subi no pódio em 2008 e pego a medalha, eu absolutamente lembrei de tudo o que fiz, tive que percorrer, quantas vezes eu caí, quantas vezes eu levantei para alcançar aquilo.”

Walewska e o marido. Ricardo Alexandre Mendes confirmou que o casamento estava ‘em crise’ – Reprodução/Instagram

Waleswska estava casada havia 20 anos com Ricardo Alexandre Mendes.

Em depoimento à polícia paulista, ele confirmou que o relacionamento estava em crise.

Policiais do 78º Distrito Policial investigam a morte da atleta.

A tragédia traz luz ao fato de que atletas vencedores, de trajetória importantíssima, também estão sujeitos a tristezas profundas, depressão, como qualquer pessoa comum.

Com o agravante de que encerram sua carreira perto dos 40 anos.

Walewska jogou vôlei por mais de 30 anos, sempre sendo uma atleta fora do comum.

De repente, tudo isso acabou.

É preciso coragem para o esporte acabar com esse tabu.

A saúde mental é fundamental para ex-atletas…

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