Por que a economia do Reino Unido despencou
A produção local contraiu mais do que o esperado no terceiro trimestre, em um cenário de juros e inflação crescentes.
Dados divulgados nesta quinta-feira (22) pela agência britânica de estatísticas mostram que a produção econômica no Reino Unido apresentou queda de 0,3% no terceiro trimestre, em comparação com os três meses anteriores. A estimativa anterior era de que a redução ficasse em 0,2%.
O resultado, observou a agência, coloca a economia do Reino Unido na última posição entre as sete nações mais ricas do planeta. O investimento empresarial local também diminuiu 2,5% nesse trimestre. A previsão, contudo, era de uma queda de 0,5%.
A econômica britânica ficou ainda no terceiro trimestre 0,8% abaixo do nível do fim de 2019. E, nesse quesito, o número previamente estimado era de 0,4%. Ou seja, a metade da queda.
No terceiro trimestre, informaram as autoridades locais, o setor de serviços expandiu 0,1%. Mas tal desempenho foi derrubado pelo desempenho negativo da indústria e da construção.
O fiasco do Brexit
O Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), em janeiro de 2020, só fez piorar a economia britânica. A conclusão foi expressa em análise publicada no início de dezembro pelo jornal britânico Financial Times.
As conclusões do estudo apontam que o Brexit tornou as famílias mais pobres, os salários estagnaram, as empresas reduziram investimentos e novas barreiras comerciais só prejudicaram as relações econômicas com a UE.
O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, estimou que o Brexit provocará uma queda de longo prazo no nível de produtividade de pouco mais de 3%. A redução na economia como um todo será de 4%. Outra estimativa aponta indica que, em 2016, a economia britânica representava o equivalente a 90% da alemã. Agora, esse número caiu para 70%.
Os dados divulgados recentemente também não são animadores. A taxa de inflação atingiu 11,1%, em outubro, o maior patamar em 41 anos. Com isso, o Banco da Inglaterra (BoE) aumentou os juros básicos de 3% para 3,5% na semana passada. Essa foi a nona elevação consecutiva do indicador, que atingiu o nível mais alto desde 2008.