Brasil

Por trás das demissões na Record e Globo há algo mais grave do que parece

Os boatos se confirmaram. A Record iniciou uma onda de demissões. Entre os jornalistas de vídeo foram dispensados Janine Borba, Patrícia Costa e Roberto Thomé. 

Em nota, o canal diz passar por um “período de reformulação”. Havia uma falsa impressão de que a TV do bispo Edir Macedo passaria incólume pela turbulência financeira que afeta outras emissoras. 

Por ele ser líder da Igreja Universal do Reino de Deus, imaginava-se que a locação de horários pela entidade religiosa seria suficiente para equilibrar as contas ou, em último caso, o canal fosse socorrido pela renda procedente das ofertas dos fiéis. 

O que se vê, agora, é a Record sendo obrigada a se reestruturar para garantir a sobrevivência do negócio, assim como fazem a Globo, o SBT, a Band e a RedeTV. A elite da televisão brasileira faz sacrifícios para vencer os desafios econômicos. 

Essas redes têm conseguido faturamento relevante com a venda de espaço nos intervalos e produtos associados à programação, como assinaturas de seus streamings. O pior problema é o aumento ininterrupto dos custos de operações. Está cada dia mais caro manter as TVs no ar. 

A Globo, por exemplo, conseguiu receitas de R$ 15,1 bilhões em 2022, melhor resultado em vários anos. Mesmo assim, registrou prejuízo de R$ 41 milhões ao considerar o pagamento de juros, impostos e outras obrigações financeiras. Ou seja, o dinheiro entra, mas a conta está tão alta que inviabiliza o lucro. 

Diante da exigência de diminuir despesas para voltar ou se manter no azul, os canais são obrigados a abrir mão de talentos. Na TV da família Marinho, a opção foi não renovar o contrato de centenas de atores e demitir repórteres veteranos com altos salários. 

Ao comentar as dispensas dos últimos dias, a Record afirmou que “desligamentos foram necessários, mas com respeito ao ser humano acima de tudo, às leis e às regras trabalhistas”. Em junho, os maiores cortes foram na Band, abalada pelo fim do programa de Fausto Silva. 

Ainda que sejam afetadas por lucro menor ou prejuízo, as cinco maiores emissoras do país não correm risco de inadimplência ou falência. A maioria delas possui reservas e investimentos bancários. 

A expectativa é que 2023 ainda seja desafiador, porém, melhor do que o ano passado, marcado por incertezas ligadas à eleição presidencial e ao futuro da política econômica.

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