Polícia

Quadrilha que usava viaturas da Polícia Civil e caminhões frigoríficos para traficar drogas, em MS

Em Mato Grosso do Sul, a polícia prendeu uma quadrilha de traficantes de drogas integrada inclusive por policiais.

Câmeras de segurança gravaram a viatura da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul entrando na garagem de uma casa em Campo Grande. Dois investigadores da Polícia Civil saem do veículo. Anderson César dos Santos Gomes e Hugo Cesar Benites, ambos lotados na delegacia de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.

A viatura estava alocada na mesma delegacia dos dois. Quem os recebe é Valdemar Kerkhoff Junior, que cumpriu pena de dez anos por tráfico de drogas. Eles retiram fardos da viatura: cocaína e pasta base de cocaína, segundo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) já investigava os dois policiais.

Em outras imagens, é o carro do traficante Valdemar Kerkhoff que segue a frente indicando o caminha para a viatura com os policiais. Segundo a coordenadora do Gaeco, o uso de policiais e de viaturas para o tráfico de drogas é conhecido como “frete seguro”.

“Isso dificulta, obviamente, a abordagem do veículo por outras forças policiais ou pela mesma força. Isso inviabiliza a revista do veículo”, afirma Ana Lara Camargo de Castro, do Gaeco.

Da viatura da polícia, a droga foi transferida para um caminhão frigorífico de empresas ligadas a quadrilha. O carregamento seria levado para São Paulo, mas foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal oito dias depois em Terenos, a 30 km de Campo Grande. 330 kg de cocaína e pasta base.

“Ele tem um lacre de Vigilância Sanitária, um lacre sanitário. A droga é condicionada ao fundo, o material lícito, no caso as carnes, mais a frente. E para fiscalizar um caminhão frigorifico também é mais rígido, você precisa da presença da Vigilância Sanitária, não pode haver a ruptura do lacre”, diz Ana Lara.

O traficante que recebeu a droga em Campo Grande foi executado um mês depois da apreensão do carregamento. Os dois policiais foram afastados das funções e estão presos preventivamente por tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O Ministério Público já ofereceu denúncia contra eles e mais 19 pessoas envolvidas no esquema.

“Nós sabemos que temos que ser cada vez mais contundentes e incisivos contra essas práticas, e estamos sendo através da nossa Corregedoria, através do nosso Departamento de Inteligência, uma vez que policiais que se voltarem para o lado do crime, seja qual for a criminalidade, não vão permanecer na instituição”, afirma Roberto Gurgel, delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

A defesa de Anderson César Gomes disse que ainda não teve acesso às provas. A defesa de Hugo Benites afirmou que ele é inocente.

Fonte: g1

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