Psicóloga que morreu ao fazer exame tinha sido aprovada um dia antes em credenciamento de prefeitura e estava feliz, diz mãe
Bruna Nunes de Faria, de 27 anos, teve dois AVCs há 45 dias e fez bateria de exames para descobrir a causa. Mãe disse que a ressonância magnética, que ela passou mal, era o último exame, em Goiânia.
Um dia antes de fazer uma ressonância magnética com contraste em Goiânia e morrer após passar mal durante o exame, a psicóloga Bruna Nunes de Faria, de 27 anos, tinha sido aprovada no credenciamento de profissionais da saúde da Prefeitura de Silvânia, no centro de Goiás. A mãe dela, Jane Alves de Souza, contou que a filha já trabalhava na cidade e estava muito feliz porque ia continuar com os atendimentos.
“Era cheia de sonhos e projetos, amava a profissão que escolheu. Os pacientes amavam ela e perguntavam: ‘Cadê minha doutorinha?’. Eles eram muito carinhosos com ela. Minha filha estava radiante e muito feliz com o trabalho”, desabafou a mãe.
A Prefeitura de Silvânia informou que “Bruna Faria foi aprovada no credenciamento de profissionais da saúde para continuar com os atendimentos em 2023”.
Bruna teve dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) há 45 dias e fez uma bateria de exames para descobrir a causa. A mãe explicou que a ressonância magnética, que ela passou mal, era o último exame que ela tinha que fazer.
A morte foi registrada na Polícia Civil para ser investigada, segundo o delegado Leonardo Sanches. A causa da morte será identificada por autópsia feita no Instituto Médico Legal (IML).
Bruna fez o exame no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) Unidade II, que fica na Avenida Portugal, no Setor Marista. A defesa explicou, por meio de nota, nesta sexta-feira (23), que atualmente há dois grupos distintos operando sob o nome CDI. Um sob responsabilidade dos médicos Luiz Rassi Júnior e Colandy Nunes Dourado e outro sob a gerência dos médicos Ary Monteiro Daher e Adriana Maria Monteiro, sendo que o procedimento que a jovem realizou faz parte dos serviços prestados pela equipe chefiada por Ary e Adriana. Os grupos estão em fase final de separação judicial, que deve ser finalizada em janeiro, quando os prédios também devem ser separados de acordo com a administração.
Morte de Bruna
A morte de Bruna foi na quarta-feira (21). A psicóloga teve dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) há quase 50 dias. Ela fez uma bateria de exames para descobrir a causa. Passou por cinco neurologistas e três cardiologistas. A mãe contou que a ressonância magnética do coração, em que ela passou mal, era o último exame que ela tinha que fazer.
Há suspeita, segundo a mãe, que Bruna teve um choque anafilático, uma reação alérgica grave, durante o procedimento. Jane mostrou a última foto que tirou da filha minutos antes de a jovem morrer
“Vi minha filha morrer. Ela ficou com o corpo roxo. A última coisa que ela falou foi: “Estou sem ar”. E não falou mais nada”, contou Jane Alves.
Bruna Faria nasceu em Bonfinópolis, onde foi velada e enterrada na quinta-feira (22). A jovem trabalhava como psicóloga da Prefeitura de Silvânia e fazia parte da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (Emad) da Secretaria Municipal de Saúde.
Nas redes sociais, a prefeitura de Silvânia lamentou a morte da servidora e decretou luto oficial no município por três dias, pela memória da servidora.
“É com profundo pesar que o Governo de Silvânia comunica a perda inesperada da nossa servidora. Lamentas a perda e no solidarizamos com a família neste momento”, diz a nota.
Nota do CDI gerido pelo médico Ary Monteiro
“Aguardaremos o resultado do laudo que vai determinar a causa da fatalidade, mas, desde já, nos solidarizamos com os familiares e amigos da paciente e seguimos à disposição para prestar toda a assistência necessária. Reforçamos que em nossos exames são adotados elevados padrões de segurança, com acreditação em grau máximo e procedimentos certificados pelas autoridades do setor, sempre buscando garantir o bem-estar e a saúde de nossos pacientes, valores que sempre fizeram parte da história da clínica”, diz a nota enviada pelo advogado do médico Ary Monteiro.
Nota do CDI gerido pelo médico Luiz Rassi Júnior
“As Clínicas CDI sob a coordenação do Dr. Luiz Rassi e Dra. Colandy Nunes Dourado, vêm a público esclarecer:
- É com muita tristeza que recebemos a notícia da morte da jovem Bruna Nunes de Faria, paciente que realizava exame de ressonância magnética. Tal fato nos leva ao dever e obrigação de prestar esclarecimentos aos nossos clientes, corpo clínico, colaboradores, médicos e sociedade em geral.
- Há dois grupos distintos operando sob o nome CDI. Um, o nosso – Dr. Luiz Rassi e Dra. Colandy Nunes Dourado -, com as Clínicas CDI Diagnósticos em Cardiologia; CDI Diagnósticos Angiotomográficos e Nuclear CDI. E, outro, sob a responsabilidade do Dr. Ary Monteiro Daher do Espírito Santo e Sra. Adriana Maria de Oliveira Guimarães Monteiro. Os grupos estão em fase final de separação judicial.
- O processo judicial iniciado há mais de 02 anos, se deu em virtude de divergências de valores e princípios éticos no exercício da Medicina. As clínicas sempre funcionaram de forma separada, apesar de estarem localizadas no mesmo endereço, realizando exames distintos, com equipamentos distintos, médicos e colaboradores também distintos.
- O exame da paciente Bruna Nunes de Faria, com fatídico e lamentável desfecho, foi realizado pela Clínica cujo responsável técnico é o Dr. Ary Monteiro Daher do Espírito Santo, que se chama Centro de Diagnóstico por Imagem PORTUGAL, o qual tem se identificado como CDI Radiologia.
- Informamos também que o processo de separação dos imóveis está em curso, a fim de que a população em geral possa diferenciar ainda mais as Clínicas, ao buscar e escolher livremente atendimento para diagnósticos médicos.
- Por fim, nos solidarizamos com a família e amigos de Bruna Nunes de Faria, lamentamos profundamente sua morte e esperamos que a causa do óbito seja esclarecida de forma rápida e efetiva, com apuração pelos órgãos competentes.”
Fonte: g1