Quadrilhas do ‘falso advogado’ já geraram prejuízo de R$ 2,8 bilhões

Foto: Reprodução/iStock/Rmcarvalho
Conhece o golpe do ‘falso advogado’? Quadrilhas que usam dados reais da Justiça para roubar vítimas que têm processos registrados já chegaram a gerar R$ 2,8 bilhões em prejuízo nos últimos três anos. As informações são do Fantástico, em reportagem publicada neste domingo, 26.
O esquema funciona da seguinte forma: quadrilhas usam credenciais de advogados para acessar sistemas online da Justiça, onde conseguem dados das partes envolvidas, como telefones e e-mails. O foco dos criminosos são os valores que a vítima tem a receber em processos de liberação de benefícios ou indenizações.
O ‘pulo do gato’ é nesse contato dos golpistas com seus alvos. Eles pedem o pagamento de uma taxa para que o dinheiro que a pessoa tem a receber seja liberado.
Nesse processo, são vítimas tanto as pessoas que têm valores a receber em processos judiciais e que são enganadas, quanto os advogados que têm suas credenciais utilizadas por terceiros.
O desafio é grande, visto que criminosos também têm utilizado da inteligência artificial para refinar os golpes. “Nós já tivemos aqui também relatos de casos em que o criminoso pegou a voz do advogado em determinado evento e replicou com a inteligência artificial” , disse Ana Tereza Basílio, da OAB-RJ, ao Fantástico.
Em paralelo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anunciou uma nova medida de segurança que passará a valer em novembro, onde o acesso às plataformas digitais da Justiça exigirá uma “camada extra de proteção”, parecida à autenticação usada por bancos.
A polícia investiga a ligação do golpe com facções criminosas. Além disso, apura um esquema onde credenciais de advogados são vendidas de forma online, em alguns casos por apenas R$ 200.
De acordo com as autoridades, a quadrilha se especializou em usar informações verdadeiras de processos judiciais – especialmente ações previdenciárias, de precatórios e RPVs – para enganar vítimas e exigir pagamentos indevidos sob o pretexto de “custas” ou “taxas processuais”.
Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, o golpe representa uma nova e preocupante forma de fraude que tem chamado a atenção das autoridades.
“Criminosos estão se fazendo passar por advogados, utilizando informações reais de processos judiciais para enganar vítimas e induzi-las a transferir valores sob falsas promessas de recebimento de indenizações, geralmente em processos trabalhistas, previdenciários ou cíveis. Após o envio do dinheiro, encerram a comunicação e desaparecem”
Pelos fatos apurados, os investigados poderão responder por estelionato (art. 171 do CP), associação criminosa (art. 288) e lavagem de dinheiro (art. 1º da lei 9.613/98). As penas, somadas, podem ultrapassar 15 anos de prisão, além de multas e perda dos bens obtidos com as fraudes.




