Ricardo Nunes afirma que vai pedir demolição de prédio que está em chamas há mais de 48 horas no Centro de SP
Segundo Álvaro Godoy Filho, engenheiro da Subprefeitura da Sé, risco de desabamento é ‘iminente’. Edifício está há mais de 48 horas em chamas.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou, nesta terça-feira (12), que solicitará a demolição do prédio de dez andares da região da Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo, que está em chamas desde domingo (10).
De acordo com o prefeito, o pedido será feito pela procuradora-geral do município, Marina Magro Beringhs Martinez.
Segundo ele, como o prédio é privado, o pedido de demolição precisa ser analisado pelo Judiciário.
A prefeitura utilizará o Código de Obras como fundamento do pedido, ainda segundo o prefeito.
Questionado sobre quando a demolição será feita, Nunes respondeu que isso depende de uma série de fatores, como “rescaldo, [quando sairá] decisão judicial, plano [de demolição]”.
O engenheiro da Subprefeitura da Sé Álvaro Godoy Filho afirmou nesta terça que é iminente o risco de queda do prédio.
“O risco é iminente, pode acontecer a qualquer momento. No resfriamento, tende a colapsar mais rápido, porque ele tenta voltar à condição anterior, e ele não consegue”, afirmou.
Segundo ele, não foi possível analisar as condições da estrutura por conta do incêndio. “O que se verifica é que as lajes estão selando. O incêndio pegou do primeiro andar para cima, o lugar que está mais forte o incêndio é o 5º andar, mais ou menos no meio do prédio. Pode acontecer igual às Torres Gêmeas, o negócio é bem complicado.”
“Existem três tipos de estrutura distintas no próprio prédio. Uma dessas partes tende a colapsar para o fundo, onde é um estacionamento. Outra tende a colapsar para frente da rua, ou pegar o prédio ao lado”, explicou.
Segundo o engenheiro, está descartada a volta dos bombeiros para o trabalho interno.
“O momento agora é de terminar o rescaldo do incêndio, para poder fazer uma próxima avaliação e ver como ficou a estrutura da edificação. A responsabilidade é do proprietário do imóvel”, afirmou. Ele ressaltou que ainda não é possível dizer o que provocou o fogo e que isso vai depender do perito.
Por volta de 20h18, o capitão André Elias afirmou que os bombeiros tiveram que se deslocar novamente para a loja Matsumoto, onde o fogo teria recomeçado.
Bloqueio expandido
Uma nova avaliação feita por engenheiros da prefeitura expandiu a área de bloqueio e interditou nove prédios que correm risco de desabar após incêndio que já dura mais de 40 horas no Centro de São Paulo. Devido ao risco, o Corpo de Bombeiros interrompeu os trabalhos de combate ao fogo no prédio de dez andares.
Os prédios interditados estão nos seguintes endereços:
- Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 115
- Rua Cavalheiro Basilio Jafet, 127
- Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 107
- Rua Barão de Duprat, 41
- Rua Barão de Duprat, 39
- Rua 25 de março, 734
- Rua 25 de março, 702
- Rua Comandante Abdo Schahin, 94
- Rua Comandante Abdo Schahin, 78
Segundo o capitão André Elias, porta-voz dos bombeiros, “o risco de desabamento existe e, por isso, a gente parou de fazer o trabalho interno”.
“As lajes flambaram – apresentaram uma deformação anormal -, e ouvimos muito barulhos, como estalos. Por isso o engenheiro da prefeitura pediu para a gente parar, reavaliar, dar um tempo, ver o comportamento do prédio, da estrutura toda, para depois retomar os trabalhos. Estamos fazendo só combate externo”, afirmou.
‘Pode acontecer igual às Torres Gêmeas’, diz engenheiro da Prefeitura de SP sobre prédio que está há mais de 45 horas em chamasSegundo o capitão, ainda existem pequenos focos de incêndio dentro do prédio. “A gente já estava bem adiantando nos trabalhos, apagando os pequenos focos, mas aí teve o risco de desabamento.”
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que “após vistoria realizada hoje, nove edifícios foram interditados de maneira parcial ou total, conforme o risco que apresentam e de acordo com o laudo assinado pelo engenheiro Álvaro de Godoy Filho. Os imóveis não são residenciais, portanto não há desabrigados”.
“De acordo com a avaliação da equipe de engenharia da Subprefeitura Sé, o prédio atingido pelo fogo corre risco de desabamento. Se, depois de concluído o trabalho de rescaldo, houver necessidade de demolição, o dono da edificação terá que acionar o engenheiro contratado por ele para a realização do trabalho”, afirma o texto.
As vias da região da Rua 25 de Março, que chegaram a ser liberadas para o comércio mais cedo, voltaram a ser interditadas.
Os bombeiros não sabem por quanto tempo as ruas ainda ficarão bloqueadas e estão aguardando uma nova avaliação sobre o risco de desabamento para continuar os trabalhos. Isso deve ser feito por engenheiros da Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo.
Segundo a Defesa Civil, todo o quarteirão está interditado para contenção de riscos e, no entorno, não há edifícios residenciais, só comerciais.
A pedido dos bombeiros, o Metrô fechou por volta do meio-dia o acesso pela Ladeira Porto Geral à estação São Bento, da Linha 1 – Azul.
Os comerciantes foram orientados a fechar as portas o mais rapidamente possível. Os bombeiros pedem que as pessoas evitem circular pela região.
“Estamos reposicionando as viaturas do Corpo de Bombeiros, mudando o ponto de comando e também fazendo a interdição da Rua 25 de Março, Rua Comendador Abdo Schahin e passando por uma nova avaliação e existe o risco do colapso da edificação, portanto, as operações serão interrompidas agora para uma nova estratégia”, disse o capitão André Elias, porta-voz dos bombeiros.
A CET bloqueou todo o entorno do prédio, localizado na Rua Comendador Abdo Schahin. Seis linhas de ônibus foram desviadas por conta das interdições.
Seguindo orientações dos Bombeiros, além dos dois pontos que já estavam bloqueados, a CET estabeleceu quatro novos.
Pontos de bloqueio:
- Rua Comendador Afonso Kherlakian x Rua Comendador Abdo Schain
- Rua Niazi Chohfi x R Vinte e Cinco de Março
- R. da Cantareira X Av. Mercúrio
- Av. Prestes Maia X R. Carlos Souza de Nazaré
- Ladeira Porto Geral X R. Boa Vista
- R. Florência de Abreu X R. Da Constituição
Prédio de dez andares volta a pegar fogo no Centro de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
O incêndio começou às 21h do domingo (10) e alastrou para outros três imóveis na região.
O fogo atingiu uma loja de artigos para festas, um prédio de seis andares e destruiu a sede da primeira igreja ortodoxa do país.
O trabalho de combate às chamas entrou pela madrugada e manhã desta terça (12).
A expectativa era a de que fosse encerrado no final do dia, mas por volta das 11h30 novos focos de incêndio e o risco de desabamento interromperam os trabalhos temporariamente.
Fonte: g1