Economia

“Ricos devem gastar 7 vezes mais para salvar o planeta”, diz Nobre

Para o climatologista Carlos Nobre, que está na COP27, cabe às nações desenvolvidas bancar avanços contra as mudanças climáticas no planeta.

O climatologista brasileiro Carlos Nobre é uma das maiores autoridades do planeta em questões relacionadas ao meio ambiente. Por sua atuação nesse campo, foi admitido, em maio deste ano, no quadro de membros estrangeiros da Royal Society, a academia de ciências do Reino Unido, fundada em 1660, que já foi presidida por gente como Sir Isaac Newton.

Nobre está na conferência global sobre o clima, a COP27, que acontece em Sharm El-Sheikh, no Egito.

Sem retrocessos no planeta

Um ponto fundamental, diz o climatologista, é que não haja retrocessos em torno das conquistas alcançadas na COP26, em Glasgow, na Escócia, em 2021. “Isso inclui a decisão de zerar as emissões líquidas de gases do efeito estufa (GEE) até 2050, com redução de 50% até 2030”, afirma. “Trata-se de um enorme desafio, mas é importante que essas metas não mudem.”

Nobre observa que as taxas de emissões avançam no mundo e a guerra da Ucrânia só piorou esse quadro. “Ela trouxe instabilidade para o sistema de geração de energia”, destaca. “Com isso, estamos vendo novos investimentos serem destinados à exploração de recursos fósseis.”

Quem paga a conta?

Outro ponto central nos debates diz respeito a quem paga a conta pela luta contra o aquecimento global. “Os países ricos têm uma enorme responsabilidade no financiamento das soluções para o combate à emergência climática”, diz o pesquisador. “O Fundo Verde para o Clima, que está abaixo dos US$ 100 bilhões prometidos em 2020, não é suficiente.”

Para Nobre, esse valor teria de ser, no mínimo, “sete vezes maior”. “Isso para a mitigação dos problemas neste período crítico de redução das emissões em 50% até 2030”, anota. “Nas próximas duas décadas, vamos precisar da mesma quantia ou mais, pois as necessidades de adaptação serão ampliadas com o aumento esperado das mudanças climáticas.”

Sistema de compensações

A COP27, diz o especialista, deveria ainda ao menos iniciar as discussões sobre a criação de um “fundo ambiental de perdas e danos”. “A África, por exemplo, contribui com apenas 4% das emissões globais e é o lugar onde as pessoas mais sofrem com as alterações climáticas”, destaca. “Hoje, perto de 3,8 bilhões de pessoas estão vulneráveis a essas mudanças e a maioria delas vive em regiões pobres do planeta.” O número representa quase metade da população mundial que, apontam cálculos da ONU, atingirá 8 bilhões na próxima terça, 15 de novembro.

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