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Risco à democracia: 500 mil mexicanos protestam contra reforma eleitoral 

Segundo manifestantes, a reforma pretende enfraquecer as instituições mexicanas para que o presidente possa ficar mais tempo no poder.

Multidões se reuniram no México durante o último fim de semana para protestar contra as medidas do governo do presidente Andrés Manuel López Obrador de reduzir a autoridade eleitoral. Os manifestantes consideram que essa proposta é uma ameaça à democracia.

Milhares de mexicanos consternados foram à Praça Zócalo da Cidade do México no domingo em uma manifestação coletiva de dissidência contra a reforma eleitoral proposta pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, conhecido pelo acrônimo AMLO. Políticos da oposição e organizações da sociedade civil uniram forças sob uma mensagem comum, de que as mudanças no Instituto Nacional Eleitoral (INE) não podem ser aceitas sem consentimento popular. Esta é apenas mais uma manifestação de uma população indignada, cujos protestos sobre este assunto se tornaram ainda mais fortes desde que começaram, há cinco meses.

As modificações das leis eleitorais recentemente aprovadas pelo Poder Legislativo do México são fortemente contestadas e enfrentam um exame rigoroso no Supremo Tribunal do país. O ex-ministro Cossío endossa as críticas, afirmando que a Constituição salvaguarda a democracia ao possibilitar o equilibrio entre poderes e o controle de políticos que atualmente ocupam posições governamentais. Isso garante uma importante proteção dos direitos dos cidadãos, apesar das tentativas do presidente López Obrador de silenciar os juízes da Suprema Corte que avaliam essas mudanças.

Foi a manifestação mais significativa desde que López Obrador foi eleito em 2018 e uma indicação de que seu partido está passando pelo período mais tumultuado até agora. As ruas estavam cheias de manifestantes desde o início da manhã e a mídia social viu um afluxo de imagens mostrando uma forte oposição em meio a uma solidariedade esperançosa para a mudança na política mexicana.

Eleição presidencial de 2024

AMLO está esperando uma grande manifestação de apoio no dia 18 de março, quando ele levará à mesma praça Zócalo o comício de aniversário de uma de suas maiores realizações: a expropriação de petróleo. Com as promessas dos apoiadores de que eles encherão a praça, parece que esse evento cheio de ímpeto acrescentará mais um capítulo triunfante nos livros de história de sua presidência.

Na semana passada, o Senado do México finalmente ratificou o “plano B” da reforma eleitoral proposta por Obrador. O texto limita o poder do INE, uma instituição que supervisiona as eleições em escala nacional, levando à dissolução de 300 conselhos distritais para realizar uma economia de 3,5 bilhões de pesos mexicanos. Enquanto os representantes do governo argumentam que isso melhora a situação financeira do INE, os oponentes estão preocupados com o que parece ser uma quantia ínfima, mas de alto valor para a democracia. Com uma supervisão mais limitada, aumenta o risco de o México enfrentar eleições menos seguras e transparentes nos 32 estados do país.

Lopez Obrador terá um grande desafio pela frente. Mesmo sem concorrer à reeleição no pleito programado para 2024, seu sucessor no partido Morena iniciará a campanha na condição de favorito. Para a oposição, essa ação contra o INE caiu como uma luva, pois essa é a grande chance que tem em mãos para enfraquecer o poder e a popularidade de AMLO.

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