Suspeita de ter envenenado ovo de Páscoa agiu por ciúme e vingança

Foto: Divulgação/Polícia Civil do Maranhão / Perfil Brasil
A mulher de 36 anos presa na última quinta-feira (17) sob suspeita de ter envenenado três pessoas que comeram um ovo de Páscoa no Maranhão agiu por ciúme e vingança, afirma o secretário estadual da Segurança Pública, Maurício Martins.
Um menino de sete anos morreu, enquanto a mãe e a irmã adolescente dele estão internadas na UTI do Hospital Municipal de Imperatriz (MA).
A suspeita é ex-namorada do atual companheiro de uma das vítimas, segundo a polícia. O homem não teria ingerido o chocolate, mas contribuiu com as investigações, diz o secretário.
Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, é principal suspeita do crime. De acordo com o secretário, a suspeita confirmou ter comprado o chocolate, mas negou ter envenenado o produto.
“Existem indícios robustos da prática por essa suposta autora de crime de homicídio e de duas tentativas de homicídio por enquanto [diante do estado grave de saúde das outras vítimas]”, disse Martins.
Ele afirmou que a polícia teve acesso a imagens da suspeita comprando os chocolates usando uma peruca. As autoridades também apreenderam com ela um produto que pode ser venenoso, mas que foi encaminhado à perícia para confirmação, disse o chefe da pasta.
A suspeita foi capturada por uma equipe da Delegacia Regional de Santa Inês em um ônibus interurbano, na cidade de Santa Inês, onde ela mora.
Amostras do alimento foram enviadas para análise do Icrim (Instituto de Criminalística de Imperatriz) e o inquérito foi instaurado pela Delegacia de Homicídios de Imperatriz, que está ouvindo testemunhas para elucidar o caso.
Conforme as investigações, o ovo chegou à casa da família por meio de um motoboy na noite de quarta-feira (16). Em um bilhete, foi enviada a mensagem ‘Com amor. Feliz Páscoa!’.
Quem entregou o ovo e como a polícia chegou até a suspeita?
O caso começou a ser esclarecido a partir da análise de câmeras de segurança e depoimentos. De acordo com o delegado-geral Manoel Almeida, imagens mostram Jordélia comprando ovos de chocolate em uma loja especializada, disfarçada com peruca e óculos escuros.
A entrega foi feita por um mototaxista, localizado e ouvido durante as investigações. O depoimento do atual namorado da vítima também foi considerado crucial. Ao ser interrogado, ele revelou o histórico da suspeita com a família, o que reforçou os indícios de premeditação.
“Identificamos o hotel onde a suspeita se hospedou, a loja onde comprou o objeto, que é uma loja que vende produtos de ovo de Páscoa, no qual ela inseriu a substância que, tudo indica, ser veneno. Porque ainda não temos especificamente que substância é essa, pois está em análise o produto recolhido”, explicou Almeida.
Após a compra dos chocolates, Jordélia deixou Imperatriz em um ônibus intermunicipal. Ela foi abordada e presa assim que desembarcou em Santa Inês. Com ela, a polícia encontrou perucas, restos de chocolate, medicamentos e bilhetes de passagem.
“Ela chegou à cidade de Imperatriz na data de ontem (quarta-feira, dia 16), na parte da manhã. Ela teria saído de Santa Inês durante a noite e chegou durante a manhã à cidade de Imperatriz. E lá ela fez todo o planejamento para a entrega desse ovo de Páscoa, que foi entregue já no período da noite, na residência da vítima. Lá eles consumiram, e a primeira vítima já passou mal. Foram internados os três, e a criança veio a óbito. E ela (a suspeita) já estava retornando, de manhã, para Santa Inês. Ela pegou o ônibus na madrugada e foi abordada por nossas equipes, já chegando em Santa Inês, no período da tarde”, relatou o delegado Ederson Martins, adjunto operacional.
Em depoimento prestado na Delegacia Regional de Santa Inês, Jordélia confirmou que comprou os chocolates, mas negou a adição de veneno. Apesar disso, os investigadores afirmam ter indícios suficientes da autoria.
“A gente pode dizer, com o que já colhemos até agora, que temos elementos suficientes para apontar essa autoria para essa pessoa que foi presa. Agora a gente vai esclarecer os detalhes. Que veneno foi esse, o tipo, isso a perícia vai apontar, para que possamos robustecer a nossa investigação e apresentá-la ao Judiciário”, afirmou Almeida.
O Instituto de Criminalística recebeu amostras dos chocolates para análise, cujo laudo deve sair em até dez dias. Também foi solicitado exame toxicológico no sangue das vítimas e análise de todo o material recolhido com a suspeita.
“No momento da abordagem dela, já no ônibus, foi encontrado com ela realmente produto, chocolate, parte do chocolate que ela levou, bem como um granulado que, possivelmente, pode ser que tenha ali algum veneno misturado. Isso tudo vai ser levado para a perícia, para verificar se tem ou não veneno nesse chocolate, para fazer o link com o que foi entregue na residência da vítima”, acrescentou Martins.
A Polícia Civil investiga agora se houve participação de terceiros no crime. Jordélia Pereira Barbosa foi autuada em flagrante e responderá por homicídio e duas tentativas de homicídio. Ela permanece detida no Presídio de Santa Inês, à disposição da Justiça.