Trump retira Lei Magnitsky de Alexandre de Moraes e abandona família Bolsonaro

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A decisão de Donald Trump de retirar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane, da lista de sancionados da Lei Magnitsky é um gesto com peso político real no tabuleiro brasileiro.
A partir de agora, a família Bolsonaro tem apenas a família Bolsonaro. O clã não dispõe do Centrão para ancorar um projeto presidencial. Não tem base orgânica de sustentação na Câmara ou no Senado capaz de sustentar uma candidatura competitiva. Eles próprios lançaram mais um Bolsonaro como aposta eleitoral.
Nos bastidores, o racha com Tarcísio de Freitas — resultado direto da decisão sobre indicar Flávio Bolsonaro — aprofunda esse isolamento. Na esfera institucional, o quadro é igualmente árido: não há qualquer interlocução com a maioria do Supremo, depois de tudo o que o país acompanhou no contexto da trama golpista. E a Câmara também está prorrogando solução.
E por isso Trump era tratado internamente como a última carta. A luz no fim do túnel. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o Eduardo Bolsonaro repetiram isso publicamente várias vezes: Trump seria o elemento capaz de recolocar o bolsonarismo no jogo global, dar legitimidade externa e reacender apoio interno. Era a aposta final.
Mas Trump abandonou. Rompeu. Deixou a família Bolsonaro à própria sorte.
Aos poucos o bolsonarismo vai ruindo. Uma derrota de cada vez. Conseguiu chegar à Presidência da República, mas fez um governo que ficou marcado na história como desastroso e cruel com a gestão negacionista da pandemia, o que custou a vida de mais de 700 mil brasileiros e brasileiras. Como não poderia ser diferente, perdeu as eleições de 2022 para o presidente Lula (PT).
Em seguida, tentou dar um golpe de Estado para se manter no poder na base da força. Em uma ideia tresloucada, para dizer o mínimo, arquitetou o assassinato do presidente eleito (Lula), seu vice (Geraldo Alckmin) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Claro que haveria duras consequências.
O bolsonarismo teve seu maior líder, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), julgado, condenado e preso pela tentativa de anular a democracia com o golpe de Estado. Um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PL), se diz exilado nos Estados Unidos (EUA), mas foi ao país com o intuito de articular sansões contra autoridades brasileiras e tarifas à economia do Brasil, em retaliação à condenação do pai.
Mas, do alto do seu “exílio”, Eduardo Bolsonaro está prestes a perder o mandato de deputado federal e conseguiu apenas jogar a pauta da soberania nacional no colo de Lula para facilitar sua reeleição, em 2026. Além disso, dificultou a vida de diversos produtores brasileiros com as tarifas comemoradas pelo bolsonarismo, atraindo para o grupo a antipatia de quem trabalha sério nesse país.
Como derradeira tentativa de se manter vivo na memória do eleitorado, Jair Bolsonaro, de dentro da cadeia, lançou seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), como pré-candidato a presidente, sem apoio e com o histórico de derrotas dos últimos anos do bolsonarismo. O centrão ignorou. Descartou a possibilidade de apoio ao primogênito do clã.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o líder do PP na Câmara, Luizinho Teixeira (PP-RJ), deram declarações, na última quinta-feira (11), que reforçam o isolamento de Flávio Bolsonaro. Kassab desejou “boa sorte” a Flávio e disse que o PSD trabalha com dois cenários em 2026: apoiar Tarcísio ou lançar Ratinho Jr. Luizinho disse à Folha de São Paulo que a Federação UB/PP se sente “liberada” em 2026 e que o filho de Jair Bolsonaro fez um movimento isolado.
A pá de cal no bolsonarismo foi jogada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ontem (12), quando decidiu retirar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane, da lista de sancionados da Lei Magnitsky. Significa que o líder norte-americano abandonou a família Bolsonaro. Era última carta do bolsonarismo para ter alguma legitimidade fora do Brasil e com isso atrair de volta o apoio dentro do país.
O bolsonarismo esperava de Donald Trump a chancela internacional para o discurso fantasioso de que Jair Bolsonaro é uma grande vítima. Perdeu esse trunfo e foi jogado à própria sorte. Mas a família Bolsonaro também contava que haveria mobilização popular nas ruas contra a prisão do ex-presidente, algo que não aconteceu.
Embora no segundo dia de prisão tenha havido um ato com cerca de 40 pessoas em frente à sede da Polícia Federal, em Brasília, não há mais sinais de bolsonaristas protestando em apoio ao líder. Uma greve dos caminhoneiros foi até ensaiada, mas, como se diz na internet, “flopou”, sem concordância da grande maioria da categoria.



