Economia

Dólar sobe e Bolsa cai: mercado sofre dois dias após anúncio de tarifaço

Imagem: Pixabay

O dólar comercial fechou com uma forte alta de 3,69%, revertendo as perdas da véspera após o anúncio de retaliação da China às tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos. A moeda terminou o último pregão da semana a R$ 5,836. A Bolsa derreteu e fechou com uma queda de quase 3%.

Dólar opera em forte valorização ante o real. O salto da divisa norte-americana supera os 3% desde os primeiros momentos do pregão. O cenário acompanha a desvalorização de outras moedas ao redor do mundo. O dólar para turistas seguiu pelo mesmo caminho e fechou a R$ 6,062, uma valorização de 3,73% em relação ao pregão do dia anterior.

Valorização reverte perda registrada ontem. Na sessão seguinte ao anúncio das tarifas sobre a importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, a moeda desabou 1,23% e fechou o dia negociada por R$ 5,628. Segundo Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, o cenário de ontem foi mais otimista devido a crença por parte do mercado de que a tarifa de 10% aplicada ao Brasil foi mais branda.

Retaliação da China aumenta temor global. A definição pela imposição de tarifas de 34% sobre todos os bens importados dos Estados Unidos aumenta a tensão com uma possível recessão global. “Em momento de maior aversão ao risco, o dólar, por ser uma moeda forte, costuma ser alvo de fuga dos investidores”, diz Sene por isso o valor da moeda tende a aumentar tanto e a Bolsa cair.

Bolsa

Ibovespa desaba desde a abertura. O principal indicador do mercado acionário brasileiro acompanhou os índices mundiais e recuou fortemente. A Bolsa fechou com queda de 2,96%, volume de R$ 21,49 bilhões e bem longe da marca dos 131.000 pontos que atingiu ontem. Foram registrados apenas 127.257,58 pontos.

Na véspera, índice ficou estável. A leve variação negativa de 0,04% do Ibovespa refletiu as expectativas por um ambiente positivo para o Brasil diante das tarifas para importação.

Mercado precisam de tempo para se ajustar à nova realidade. “O anúncio de uma nova tarifa causa uma certa mudança, o que significativa que as relações passam a ter, de início, poucas clarezas”, diz Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos. Ainda não se sabe, por exemplo, se haverá negociações para isenções. Se em um primeiro momento Trump pareceu ser irredutível a voltar atrás, não parece ser o caso e alguns chefes de estado já foram chamados à mesa de negociação.

Volatilidade deve continuar. Para Sene o mercado ainda está se acostumando com a informação das novas tarifas e o sobe e desce da Bolsa e do dólar devem continuar nos próximos dias. “A recomendação que eu tenho para o investidor é que ele não se desespere. É preciso manter a cautela e bastante seletividade”, diz.

Dados de trabalho nos EUA também impactam

Relatório de emprego dos EUA surpreende com criação de vagas acima do esperado. O mercado de trabalho norte-americano registrou, em março, a abertura de 228 mil postos de trabalho, número superior às expectativas. A projeção era de 137 mil novas vagas.

Desemprego sobe e salários crescem abaixo do previsto. Apesar do avanço no número de vagas, a taxa de desemprego subiu para 4,2%, acima do esperado. Já os salários tiveram alta de 3,8%, levemente abaixo da projeção do mercado.

“Os números contrapõem o sentimento negativo que temos visto em relação à atividade econômica americana.” – William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Cenário pode afetar os rumos da política monetária. “Entendemos que um número acima do esperado na geração de empregos reduza o espaço para mudança na política monetária do Fed no curto prazo, ainda que o mercado pareça precificar um cenário diferente”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Impacto no mercado é limitado diante de outras preocupações. Para o estrategista, o foco dos investidores está concentrado na discussão sobre tarifas. “Entendemos que o impacto do relatório nos indicadores econômicos se mostra limitado, uma vez que o foco do mercado se coloca na questão das tarifas”, diz.

fonte: uol

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