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Ucrânia celebra independência nos 6 meses de guerra, sem domínio de Putin

Rússia ataca e tenta tomar território ucraniano desde o dia 24 de fevereiro

A Ucrânia  celebra hoje sua independência, no mesmo dia em que completa seis meses de luta para preservá-la. Apesar de o país estar semidestruído, e de milhares de mortos, a maioria civis, há motivo para comemorar: Vladimir Putin não alcançou seu intento de dominar o país, as forças ucranianas estão com a iniciativa e a expectativa de receber mais armas.

Os Estados Unidos devem anunciar hoje um pacote de US$ 3 bilhões de ajuda militar à Ucrânia, o maior desde o início do conflito, segundo a agência Reuters. Teme-se, ao mesmo tempo, que a Rússia lance bombardeios mais intensos, para lembrar que não reconhece a independência da Ucrânia, e para vingar o atentado contra a jornalista Darya Dugina, filha do ideólogo ultranacionalista Alexander Dugin, ocorrido sábado (20) nos arredores de Moscou.

O conflito está na sua terceira fase. Na primeira, as forças russas tentaram tomar ao menos dois terços do território. Apesar dos bombardeios que destruíram cidades ou parte delas, os soldados russos foram repelidos no centro, oeste e norte da Ucrânia.

O esforço de guerra russo passou a se concentrar no leste do país, na tentativa de dominar todo o Donbas. A região é formada por duas províncias. Luhansk foi praticamente toda tomada pelos russos. Depois de ocupar cerca de metade de Donetsk, a parte sul da região, os russos não conseguiram avançar mais.

Ao mesmo tempo em que continham os russos no leste, os ucranianos lançaram uma contra-ofensiva no sul, na tentativa de impedir a anexação da província de Kherson, planejada pela Rússia para o início de setembro. Isso obrigou os russos a deslocar mais tropas do leste para osul. Estima-se que havia em torno de 12 grupos de batalhões táticos russos na província. Agora, eles são 27. Cada grupo contém até mil soldados.

Espaço aéreo na Ucrânia foi completamente fechado após invasão de tropas russas no paísCrédito: Reprodução Flight Aware

Ao mesmo tempo, a Ucrânia tem empregado mísseis e foguetes de médio alcance contra alvos russos a até 200 km de distância da linha de contato. Depósitos de armas e munição e bases militares têm sido destruídos na Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e em outros territórios ucranianos ocupados pelas forças russas.

Há, hoje, um equilíbrio de forças. A chegada de mais armamento deve continuar sustentando a contra-ofensiva ucraniana. Dez mil soldados ucranianos recebem treinamento de táticas ofensivas no Reino Unido. Desde a independência, em 1991, as Forças Armadas ucranianas haviam sido treinadas apenas para a defesa do país.

A autoconfiança dos ucranianos nunca esteve tão alta. O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, disse à reportagem que “o pior cenário ficou para trás”.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fala por meio de videoconferência, para a assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, em abril deste anoCrédito: Photo by Spencer Platt/Getty Images

O presidente Volodymyr Zelensky declarou que “a guerra começou na Crimeia e vai acabar na Crimeia”, depois de um ataque que destruiu oito aviões em base aérea russa na península. Foi a primeira vez que ele estabeleceu como objetivo não só conter a expansão russa, mas recuperar os territórios ocupados em 2014.

Entretanto, o cenário é sombrio, de vários ângulos. Os russos transformaram a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, numa base militar. O aparente objetivo é poderem desviar a eletricidade gerada pela usina para a Rússia, ao mesmo tempo em que chantageiam a Ucrânia e a Europa com a ameaça de um grande acidente nuclear, que obviamente também afetaria a Rússia.

Além disso, a Ucrânia não tem condições de derrotar militarmente a Rússia; só de elevar o custo político e econômico da guerra a ponto de obrigar Putin a rever seus objetivos. E há a fadiga dos aliados europeus com uma guerra prolongada, que gera inflação de energia e alimentos. Os ucranianos estão cientes do risco de os europeus reduzirem o apoio. “Para mim, é a maior ameaça”, disse o ministro da Defesa.

Fonte: CNN Brasil

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