Unidos de Viradouro é a campeã do carnaval carioca de 2024
Julinho Nascimento e Rute Alves, 1º casal da Viradouro – Foto: Alex Ferro/Riotur
A Unidos do Viradouro é a grande campeã do carnaval 2024 do Rio de Janeiro. A Vermelha e Branca de Niterói mostrou as serpentes que são objeto de culto na tradição africana. Em “Arroboboi, Dangbé”, o enredo pedia proteção à grande cobra mítica.
Para diversos sistemas de crenças, como o da nação jeje, o réptil tem poderes de regeneração, vida, transformação e recomeço.
A Viradouro, a última das 12 escolas a desfilar, já na manhã de terça-feira (13), também detalhou as crenças voduns de povos africanos e na força das mulheres da Costa da Mina, uma poderosa irmandade de guerreiras.
Sambódromo da Marquês de Sapucaí, desfile da Viradouro – Foto: Marco Terranova/Riotur
Para Luciane Reis, o enredo da Viradouro não podia ter outra nota, se não 10. Ela faz parte do terreiro Ilê Axé Oxumaré, de Salvador, considerado um dos mais relevantes templos da cultura afro-brasileira. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2013. Emocionada, Luciane assistiu ao desfile da Viradouro duas vezes e acompanhou, pela televisão, a apuração nesta Quarta-Feira de Cinzas (14).
“É uma verdadeira declaração de amor! Estou aqui entre chorar, dar risada e agradecer a esse orixá da minha vida”, disse Luciane. “Eles acertaram em tudo. Não tem um erro. Ver meu orixá ser retratado com tanto respeito e amor foi uma honra! Parabéns à Viradouro!”, celebrou Luciane.
Luciane é uma vodunci de Oxumaré, o que equivale a uma Yawo ou esposa de orixá. Baiana, mangueirense de coração, se rendeu ao samba da Viradouro, por trazer um orixá de quem poucas pessoas falam.
“Desconhecem que é uma das energias mais lindas, que seguram o universo. É considerado uma energia que toma conta, que segura a terra, mas para mim, ele é mais do que isso. Oxumaré é o orixá que eu passo boa parte do meu tempo aprendendo a cuidar, a lidar, principalmente quando fala das minhas emoções”.
Horas antes da apuração, representantes da Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade e Beija-Flor enviaram à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) um ofício em que pediam punição à Viradouro por entenderem que houve uma irregularidade na comissão de frente.
As 4 escolas argumentaram que a Viradouro desfilou com mais de 15 integrantes no setor, cuja punição seria de 0,5 ponto.
O recurso, se aceito, não vai tirar o título de Niterói, pois a diferença para a vice hoje é de 0,7 ponto. Mesmo perdendo esses décimos, o placar ficaria 269,5 a 269,3 para o Barreto.
Cobra deslizou pela Sapucaí na comissão de frente da Viradouro – Foto: Antonio Scorza/Riotur
Retornam no Sábado das Campeãs, nessa ordem:
- Unidos de Vila Isabel (6º lugar)
- Portela (5º lugar)
- Acadêmicos do Salgueiro (4º lugar)
- Acadêmicos do Grande Rio (3º lugar)
- Imperatriz Leopoldinense (vice)
- Unidos do Viradouro (campeã)