Brasil

Vacina contra salmonela usada em aves no Brasil fez surgirem bactérias resistentes a antibióticos

Estudo conduzido por pesquisadores brasileiros e britânicos aponta como causa também o aumento de uso de medicamentos antimicrobianos em granjas

Uma vacina contra a bactéria salmonela introduzida em criadouros de aves no Brasil no início dos anos 2000, associada ao aumento do uso de medicamentos antimicrobianos nos animais, foi responsável pelo surgimento de algumas cepas que são resistentes a antibióticos também consumidos por humanos. Os achados foram publicados nesta quinta-feira (2) na revista científica PLOS Genetics.

O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, sendo o Reino Unido um dos destinos destes produtos.

Os pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e do Quadram Institute, na Inglaterra, rastrearam milhares de amostras de salmonela coletadas em humanos, aves domésticas e produtos agrícolas importados no Reino Unido.

O objetivo inicial era saber se as cepas de salmonela do Brasil estavam contribuindo para casos de intoxicação alimentar entre os britânicos.

A bactéria Salmonella enterica é conhecida por causar problemas gastrointestinais, como cólica, diarreia e vômito, e febre. Normalmente, os sintomas se resolvem espontaneamente, mas crianças e idosos, por exemplo, podem ter quadros agudos de desidratação.

No artigo publicado na revista, os pesquisadores destacam que linhagens distintas dos dois principais tipos de salmonela se desenvolveram no Brasil no começo dos anos 2000, justamente quando o país introduziu a vacina contra essa bactéria em aves de criadouros.

A resistência das bactérias a três tipos de medicamentos antibióticos foi descoberta por meio de análise de genes específicos.

Todavia, os autores do estudo salientam que as cepas, apesar de crescerem no Brasil, causaram muito poucos casos de salmonela em humanos no Reino Unido e não se espalharam para aves domésticas.

Ao ponderar que os achados não representam risco imediatos, os pesquisadores chamam atenção para a necessidade de um monitoramento permanente para avaliar cadeias globais de fornecimento de alimentos, a fim de detectar precocemente eventuais ameaças.

Mitos e verdades: tudo o que você precisa saber sobre a salmonela

 A Polícia Federal deflagrou no dia (5-6) a terceira fase da operação Carne Fraca para desarticular um esquema que fraudava resultados de análises laboratoriais. A suspeita é de que a BRF, proprietária de marcas como Sadia e Perdigão, fraudava exames que atestam a qualidade das carnes — e desta forma conseguia esconder a presença de bactérias como a salmonela.

O Ministério da Agricultura divulgou uma nota em que diz que a fraude não coloca a saúde das pessoas em risco. De acordo com o comunicado, a presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando a carne é preparada de forma adequada, cozida, assada ou frita, a bactéria é destruída por causa da temperatura alta.

Infecções causadas pela salmonela não são incomuns. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a bactéria é um dos principais problemas quando o assunto é qualidade dos alimentos. No Brasil, a salmonela é responsável por cerca de 40% dos surtos alimentares

Mas o que é a salmonela e o que ela causa? É uma bactéria da família Enterobacteriaceae, que pode ser ingerida por meio de alimentos crus ou mal cozidos, principalmente carne de aves como frango, pato e peru, ovos, leite não pasteurizados e até mesmo água. Ela pode causar inflamações no intestino. Os principais sintomas são diarreia, vômito e desidratação

No caso dos ovos, como a salmonela é uma bactéria comum na flora intestinal de aves, ela pode contaminar a casca e a gema. De acordo com a nutricionista Aline Calcing, a melhor forma de evitar o contágio é cozinhar bem o ovo, até a gema ficar dura. Ovo cru ou de gema mole pode trazer problemas. Quem preferir também pode lavar a casca antes de quebrar o ovo, mas isso não diminui a importância do cozimento. Ovos rachados não devem ser consumidos porque podem estar contaminados com a salmonela ou outras bactérias capazes de entrar pela rachadura

Outro alimento, que pode ser um vilão quando o assunto é a salmonela, é o limão. Aline explica que o limão pode ser contaminado via contaminação cruzada. ‘Isso acontece quando a pessoa corta o limão com a mesma faca que cortou a carne ou outro alimento contaminado’, explica a nutricionista. Para evitar que isso aconteça, o indicado é lavar bem os utensílios de cozinha e usar talheres específicos para cada alimento na hora do preparo.

Lavar as mãos é regra que não pode ser deixada de lado, principalmente na cozinha. A OMS diz que esse gesto pode diminuir em 40% a incidência de infecções, inclusive as causadas por contaminação de alimentos. Por isso, lavar as mãos antes, durante e depois de manusear alimentos, é tão importante. O álcool gel também pode ser uma alternativa se não for possível usar a água corrente. Em nota aos investidores, a BRF disse que ‘segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos’.

Fonte: R7

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