Economia

Vendas dos shoppings foram recordes, mas ficam abaixo do previsto

As vendas dos shoppings do Brasil foram recordes no ano passado, mas o desempenho ficou abaixo do inicialmente previsto por conta do peso dos juros altos e da inflação, de acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira, pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

As vendas somadas de todos os lojistas de shoppings em 2023 atingiram o maior valor da história, R$ 194,7 bilhões. O montante representa elevação de 1,5% na comparação com 2022, quando foi a R$ 191,8 bilhões.

O faturamento do setor em 2023 também superou em 1% a performance de 2019, que foi o último ano antes da chegada da pandemia e marcou R$ 192,8 bilhões. O resultado de 2023 indica que o setor foi capaz de se recuperar da crise sanitária, de modo geral.

Por outro lado, a alta de 1,5% das vendas em 2023 ficou bem abaixo da projeção que a Abrasce fez no início daquele ano, que era de expansão de 14,6%.

“Considerando a conjuntura que enfrentamos, estou satisfeito com o desempenho de 2023”, disse o presidente da Abrasce, Glauco Humai, em entrevista. “Ficamos aquém do potencial, mas ainda assim foi satisfatório. O setor mostrou resiliência.”

Segundo Humai, o setor sentiu o peso dos juros altos, uma vez que o início do ciclo de queda levou mais tempo que o esperado pelo economistas. Além disso, nos primeiros meses do ano passado ainda houve pressão inflacionária. Juntos, esses dois fatores frearam o poder de compra da população, que já vinha bastante endividada.

“O segundo e o terceiro trimestre de 2023 foram muito ruins para o setor como um todo. As datas comemorativas tiveram vendas abaixo do esperado. Só no fim do ano passado veio uma sinalização de acomodação política e econômica e melhora dos dados gerais”, disse Humai. “O saldo positivo de 2023 foi preparar terreno para um desempenho melhor em 2024”, emendou.

A despeito das turbulências, foram inaugurados cinco shopping centers em 2023, sendo dois no Sudeste, um no Sul, um no Centro-Oeste e um no Nordeste. Com isso, o total de empreendimentos em operação subiu de 634 para 639 shoppings.

Em termos de área bruta locável (ABL), essa expansão representou um aumento de 1,9% sobre o ano de 2022, com um total de 17,8 milhões de metros quadrados, ante os 17,5 milhões apontados em 2022, de acordo com levantamento da Abrasce.

O número de lojas também cresceu e chegou a 121 mil, um acréscimo de 4,5% na comparação com 2022 (ganho de 115 mil lojas). Com isso, a taxa de ocupação nos shoppings ao longo de 2023 alcançou 94,6%, ante o patamar de 94,4% de 2022 e bem próxima da marca de 2019, de 95,3% (a maior até então).

Pela primeira vez, a pesquisa da Abrasce computou o total de quiosques, que aproveitam os espaços reduzidos para venda de produtos, serviços e alimentos. Ao todo são 15.612 unidades em operação.

O fluxo de clientes também foi positivo, na visão da Abrasce, apresentando um número médio de 462 milhões visitas por mês, um aumento de 4,3% em comparação a 2022, quando a média mensal foi de 443 milhões.

Ao todo, o setor acumulou 1,062 milhão de empregos diretos, alta de 1,8% em relação ao ano anterior.

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