Venezuelana Maria Corina ganha Prêmio Nobel da Paz 2025

Foto: Divulgação/Reuters/Jeampier Arguzinzonesproi
A oposicionista Maria Corina Machado, da Venezuela, é a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, segundo anúncio feito nesta sexta-feira (10/10).
Em uma publicação no X, o comitê que concede a honraria afirma ter escolhido Maria Corina para o Prêmio Nobel da Paz de 2025 “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
O Prêmio Nobel da Paz de 2025 vai para uma “mulher que mantém acesa a chama da democracia, em meio a uma escuridão crescente”.
Maria Corina Machado está recebendo o Prêmio Nobel da Paz por ser um dos “exemplos extraordinários” de coragem na América Latina nos últimos tempos, segundo o comitê. Ela tem sido uma figura unificadora fundamental, disse o presidente do comitê.
“É precisamente isso que está no cerne da democracia: a nossa vontade comum de defender os princípios do governo popular, mesmo quando discordamos. Numa época em que a democracia está ameaçada, é mais importante do que nunca defender este terreno comum.”

O Comitê disse que Maria Corina Machado exerceu ‘trabalho incansável promovendo os direitos democráticos para o povo da Venezuela’ e citou ‘sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia‘
Eleições de 2024 e perseguição
Em 2023, Machado anunciou sua pré-candidatura à presidência. Mesmo inhabilitada pelo governo, venceu as primárias da oposição com ampla maioria e, impedida de concorrer, apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia. A eleição de 2024 foi marcada por denúncias de fraude e repressão. A oposição afirmou ter vencido “por ampla margem”, mas o Conselho Nacional Eleitoral, dominado por aliados de Maduro, declarou vitória do atual presidente.
Após o pleito, Corina entrou na clandestinidade. Segundo o Comitê do Nobel, ela “mantém viva a chama da democracia em meio à escuridão crescente”, permanecendo no país mesmo sob risco de prisão e violência.
Vida pessoal
Maria Corina foi casada entre 1990 e 2001 com o empresário Ricardo Sosa Branger, com quem teve três filhos, Ana Corina, Ricardo e Henrique, hoje vivendo fora da Venezuela por segurança. Mantém relação discreta com o advogado Gerardo Fernández e evita expor sua vida pessoal.
Ao longo de mais de duas décadas de atuação, Corina construiu uma imagem de liderança intransigente e símbolo de resistência. Para seus apoiadores, ela representa a esperança de uma transição pacífica e democrática. Para seus críticos, é uma voz da elite distante das bases populares.
O Nobel da Paz de 2025, concedido “por sua luta pacífica por uma transição justa e democrática”, reconhece o papel de Machado como símbolo global da resistência civil frente ao autoritarismo e reforça a visibilidade internacional da crise venezuelana.
Escondida desde 2024
O presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Jørgen Watne Frydnes, foi questionado sobre a segurança de Machado agora que ela recebeu este prêmio.
Ela vive escondida desde agosto de 2024.
Frydnes diz que essa é uma discussão que o comitê tem todos os anos, “especialmente quando a pessoa que recebe o prêmio está escondida devido a sérias ameaças à sua vida”. Para ele, o prêmio irá “apoiar a sua causa e não limitá-la”.
Ele disse esperar vê-la na cerimônia de entrega do prêmio em Oslo em dezembro — mas reconheceu que sua situação de segurança é grave.
A líder da oposição venezuelana desapareceu da vida pública após as eleições de julho de 2024.
Ela anunciou a decisão em uma carta publicada pelo Wall Street Journal. O título era: “Posso provar que Maduro foi derrotado”.
“Estou escrevendo isso escondida, temendo pela minha vida, minha liberdade e a dos meus compatriotas da ditadura liderada por Nicolás Maduro”, escreveu ela.
Na carta, ela afirma ter provas de que Nicolás Maduro não venceu as eleições e diz que é “inconcebível” que ele aceite a derrota. Ela detalha as medidas tomadas pelo governo de Maduro, como impedi-la de concorrer e desqualificar seu substituto.
Ela diz que o governo de Maduro não esperava que as pessoas “fossem como uma onda gigantesca” e reagissem. “Minutos depois que os resultados começaram a chegar, confirmamos que nossa vitória era esmagadora.”
Ela explica que, quando os protestos eclodiram, a maior parte de sua equipe passou a viver na clandestinidade e afirma: “Posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras”.
Corina foi vista brevemente em um protesto em janeiro, onde o governo a prendeu por um curto período e depois a libertou.




