Polícia

Coronel preso por morte de jovem forçado a beber lança-perfume é demitido

Tenente-coronel Malheiro é demitido da PM – Foto: Reprodução/Youtube

Demissão do policial foi oficializada hoje no Diário Oficial, assinada pelo governador Tarcísio de Freitas. Malheiro foi condenado por homicídio, mas, ainda assim seguiu na Polícia Militar e foi promovido.

Condenado foi demitido e perderá direito a aposentadoria. Oficializada a demissão, Malheiro perde o posto, a patente e o status militar. O desligamento foi fundamentado na legislação da PM, aplicada após condenação com pena maior que dois anos.

Malheiro recebia R$ 29.838,81 como tenente-coronel aposentado da polícia paulista — mesmo condenado. A informação foi coletada junto ao Portal da Transparência de São Paulo referente ao mês de agosto.

Carlos Dias Malheiro e outros cinco PMs cumprem pena pela morte de Marcos Paulo Lopes de Souza em 2008. Ele foi condenado a 14 anos de prisão por presenciar colegas obrigando dois jovens a beber lança-perfume e não fazer nada. O caso aconteceu em 2008 e resultou na morte de Marcos Paulo Lopes de Souza, à época com 18 anos.

Após 16 anos do crime, policiais acabaram presos. Os policiais condenados foram: Rafael Vieira Júnior, Edmar Luiz da Silva Marte, Jorge Pereira dos Santos, Carlos Dias Malheiro, Rogério Monteiro da Silva e Cláudio Bonifazi Neto — por homicídio qualificado e constrangimento ilegal.

Rafael e Edmar foram condenados a 18 anos de reclusão. Eles foram apontados como os responsáveis por obrigarem os jovens a ingerir a substância. Os demais foram condenados a 14 anos de reclusão, por presenciarem o crime e não fazerem nada.

As prisões ocorreram uma semana após o portal uol publicar reportagem mostrando que os PMs seguiam em liberdade pelo crime mesmo após de esgotados os recursos na Justiça. Os homens foram condenados em primeira instância em 2016, e o trânsito em julgado aconteceu em julho de 2024.

Policiais cumprem pena em regime fechado. Os seis policiais haviam sido condenados à prisão e perda dos cargos em 2015, quando foram ao júri em primeira instância. No entanto, logo entraram com recursos e continuaram em liberdade até este ano, quando foi julgado último habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) ordenando as prisões.

Relembre o caso

Os jovens, de 18 e 19 anos, estavam em uma viela de uma comunidade em Itaquera, na zona leste de São Paulo, quando foram abordados pelos policiais militares. Questionados se eram traficantes, ambos negaram, relatando que estavam apenas fazendo uso de maconha. Os agentes, então, obrigaram os dois a comer o cigarro. Após o episódio, policiais vistoriaram um terreno e encontraram frascos do líquido indicado como lança-perfume.

Os PMs fizeram os jovens beberem a substância, mesmo após eles implorarem para serem presos, segundo depoimento do sobrevivente. Os agentes, contudo, apontaram armas para os jovens e os ameaçaram de morte, caso não ingerissem o líquido.

Marcos engoliu o líquido enquanto o amigo fingiu beber e cuspiu em seguida. Segundo o inquérito policial, Marcos começou a passar mal e sentir vontade de vomitar, mas os agentes diziam que, se isso acontecesse, eles teriam que lamber o chão. Durante a ação, os policiais ainda jogaram spray de pimenta contra os jovens e os golpearam com tapas. Ao fim, os agentes mandaram a dupla correr.

fonte: uol

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