Haddad defende reglobalização sustentável elevar impostos dos super-ricos

Crédito: Washington Costa/MF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu, neste sábado (5), o que chamou de reglobalização sustentável, “uma nova aposta na globalização, dessa vez baseada no desenvolvimento social, econômico e ambiental da humanidade como um todo”, disse no discurso de abertura da Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Banco Centrais do Brics.
O ministro também manifestou apoio ao estabelecimento de uma Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária, ou seja, um acordo tributário global mais justo. “Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”, afirmou.
Segundo o ministro, o Brics, tem origem no pleito dos países membros por maior peso no sistema financeiro internacional. Países que, juntos, representam quase a metade de toda a humanidade. “Nenhum outro foro possui hoje maior legitimidade para defender uma nova forma de globalização”, disse Haddad.
Haddad, voltou a defender a elevação de impostos de super-ricos. Segundo ele, essa camada da população mundial teve uma redução “muito grande” de alíquotas a partir dos anos 1970.
A declaração ocorreu durante a 10ª Reunião Anual do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), conhecido como banco do Brics. O evento ocorre nesta sexta e no sábado (5) no Rio de Janeiro.
“Devemos levar muito a sério o fato de que temos que reverter a redução de tributos que foi observada a partir de meados dos anos 1970, dos anos 1980, dependendo do país”, afirmou Haddad.
“Houve uma redução muito grande das alíquotas de impostos cobrados dos super-ricos, praticamente em todo o mundo. Isso precisa ser repensado”, completou.
Na visão do ministro, a concentração de renda no mundo está atingindo “patamares inimagináveis”. “Estamos falando de um planeta de 8 bilhões de habitantes, e 3 mil famílias acumulam uma riqueza da ordem de US$ 15 trilhões”, disse.
Haddad ainda declarou que países vão passar algum tempo por restrições fiscais consideradas importantes. Conforme o ministro, tanto a crise internacional de 2008 quanto a pandemia desorganizaram as finanças globais.
“Mesmo com a possível redução das taxas de juros, que ainda demoram a reagir positivamente, ainda temos um quadro fiscal bastante preocupante, tanto do mundo desenvolvido quanto dos países devedores em moeda forte, como é o caso dos países da África, de algumas nações da Ásia e de algumas nações sul-americanas”, afirmou.
Antes de discursar, Haddad concedeu entrevista na qual elogiou a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) em decisões recentes, incluindo a suspensão dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ele também negou a existência de crise entre os Poderes no Brasil.