Bolsonarista é preso em Brasília suspeito de montar bomba próximo ao Aeroporto JK e PC-DF apreende arsenal
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu, neste sábado (24/12), o suspeito de armar uma bomba na área próxima do Aeroporto de Brasília. O caso ocorreu na manhã deste sábado e o homem foi preso horas depois.
Segundo informado pela Polícia Civil, o homem é um empresário de 54 anos do Pará, que viajou a Brasília para participar das manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele foi localizado e preso em um apartamento em Sudoeste, na região central do Distrito Federal, e confessou que tinha intenção de explodir o artefato no aeroporto.
De acordo com a polícia, depois de montar o artefato, o suspeito entregou o objeto para uma outra pessoa – já identificada pelos investigadores – que ficou responsável em levar o dispositivo até a região do Aeroporto JK.
Segundo a investigação, a ideia inicial dos criminosos era que o explosivo fosse depositado próximo a um poste de energia, para prejudicar a distribuição de energia da cidade. Mas, de última hora, a decisão acabou sendo por colocar o objeto em uma caixa apoiada no caminhão de combustível, que estava carregado de querosene de aviação.
Com o suspeito, foi apreendido um arsenal com pelo menos duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados. No apartamento, foram encontradas outras cinco emulsões explosivas.
Outras pessoas também estão envolvidas no crime e a polícia já trabalha para localizá-las. O homem foi autuado por posse e porte ilegal de armas, munições e explosivos e crime contra o estado democrático de direito.
Artefato em caminhão
Segundo a Polícia Militar, o motorista de um caminhão-tanque de combustível percebeu um objeto estranho no veículo e alertou policiais na área. Ele não soube dizer quem havia deixado o material ali. A polícia descarta a participação do motorista no caso.
“A priori, o motorista não tem nada a ver com a situação, nem o caminhão. O caminhão seria utilizado supostamente para levar o artefato explosivo para algum lugar”, disse o delegado da 10ª DP, Marcelo Fernandes.
O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, parabenizou a polícia pela operação. “Cumprimento a Polícia Civil do DF pela prisão e apreensões efetuadas nesta noite, com aparente ligação com o artefato explosivo desta manhã. Fotos mostram o terrível efeito do extremismo no Brasil. Que todos rezemos nesta noite por paz”, postou ele numa rede social.
No apartamento onde George Washington de Oliveira Sousa estava, os policiais encontraram um verdadeiro arsenal, com armas de alto calibre.
Na decisão que determinou a prisão preventiva do homem, a juíza Acácia Regina Soares de Sá afirma que, entre os itens localizados no local, estavam:
- 1 fuzil AR10;
- 2 espingardas calibre 12;
- 30 cartelas de munição 357 magnum;
- 39 cartelas de munição 9 mm, contendo 10 munições intactas não deflagradas;
- 2 caixas contendo 50 munições de 9 mm.
Também foram encontrados revólveres, outros cinco artefatos explosivos e uniformes camuflados.
- Como a polícia chegou ao bolsonarista?
Em entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil, Robson Candido, não deu detalhes de como a corporação chegou ao autuado, mas disse que houve trabalho de inteligência.
“Tão logo a Polícia Civil tomou conhecimento, a nossa área de inteligência também, o pessoal da Coordenação de Inteligência, juntamente com os policiais da 10ª DP, iniciaram as investigações e, com as informações que foram surgindo, conseguiram agora à noite efetuar essa prisão desse indivíduo”, disse.
Já o delegado-geral da PCDF, Robson Candido, disse: “Iremos prender qualquer um que atente contra o Estado Democrático de Direito, principalmente com ameaças e, principalmente agora, com bombas. Isso é uma coisa que não existia em Brasília e nós não permitiremos nenhum tipo de manifestação que possa causar mal às pessoas ou ao patrimônio público”.
O futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, classificou os atos como “terrorismo”. “Os graves acontecimentos de ontem em Brasília comprovam que os tais acampamentos ‘patriotas’ viraram incubadoras de terroristas. Medidas estão sendo tomadas e serão ampliadas, com a velocidade possível. O armamentismo gera outras degenerações. Superá-lo é uma prioridade”, disse, em uma rede social.
O homem foi autuado pelos crimes de terrorismo e posse e porte ilegal de arma de fogo e de uso restrito.
Segundo a Lei 13.260/2016, é enquadrado como terrorismo “usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa”. A pena para o crime varia de 12 a 30 anos de reclusão.