Caos em Los Angeles após envio de tropas da Guarda Nacional

Foto: Jim Vondruska/Getty Images
Los Angeles voltou a registrar protestos contra ações anti-imigração após chegada de membros da Guarda Nacional mobilizados por Trump.
Confrontos entre manifestantes e forças de segurança voltaram a ser registrados no domingo, 8, em Los Angeles, nos EUA, após a chegada de membros da Guarda Nacional, marcando o terceiro dia de protestos violentos contra ações anti-imigração na cidade.
Ao longo do domingo, houve registro de queima de veículos e de pelos menos 27 detenções de manifestantes. A polícia de Los Angeles também anunciou a proibição de aglomerações em toda a área central da cidade. Imagens também mostraram uma repórter australiana levando um tiro de borracha na perna enquanto cobria os confrontos.
As tropas da Guarda Nacional, uma força militar de reserva usada em situações como desastres naturais, mas raramente em distúrbios civis, começaram a chegar a Los Angeles na madrugada deste domingo, com cerca de 300 soldados.
Também prosseguiram as tensões entre o governo federal liderado pelo republicano Donald Trump, que ordenou o envio de tropas da Guarda Nacional, e as autoridades democratas do estado da Califórnia, que se posicionaram contra a mobilização dos militares da reserva para lidar com os protestos.
“Atualmente, não há necessidade de a Guarda Nacional ser enviada para Los Angeles, e fazê-lo dessa maneira ilegal e por um período tão longo é uma violação grave da soberania do estado que parece intencionalmente projetada para inflamar a situação, ao mesmo tempo em que priva o estado de enviar esse pessoal e recursos para onde eles são realmente necessários”, disse o governador do estado, o democrata Gavin Newsom, em uma carta enviada à Casa Branca.
Mais tarde, diante de críticas de Tom Homan, o diretor do Serviço de Imigração dos EUA (conhecido pela sigla ICE), o governador Newsom disse: “Venham me pegar, me prender, vamos acabar logo com isso, valentão. Não dou a mínima, mas me preocupo com minha comunidade”.
“Todos os governadores democratas concordam: as tentativas de Donald Trump de militarizar a Califórnia são um alarmante abuso de poder”, disse ainda Newsom.
A decisão do presidente Trump de acionar quase 2.000 membros da Guarda Nacional marcou a primeira vez desde 1965 que um presidente mobilizou militares da reserva de um estado sem o consentimento do governador local.
Mais cedo, o republicano Trump já havia dirigido insultos a Newsom quando divulgou pela primeira vez que estava considerando enviar militares para o estado.
“Se o governador Gavin Newscum (forma usada por Trump para mesclar Newsom e “scum”, palavra que significa “escória” em inglês), da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não conseguem fazer seu trabalho, o que todos sabem que não conseguem, então o governo federal intervirá e resolverá o problema”, disse o presidente americano.
No domingo, Donald Trump afirmou que as tropas vão garantir “uma legalidade muito severa e ordem”, e pareceu deixar as portas abertas para novas mobilizações militares, em outras cidades. “Há pessoas violentas”, disse.
Protestos
As tensões em Los Angeles eclodiram na última sexta-feira, quando manifestantes entraram em confronto com forças policiais que conduziam batidas para que resultaram na detenção de 44 supostos imigrantes irregulares na área central de Los Angeles.
No sábado, membros do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (conhecido pela sigla ICE) estenderam as operações para o município vizinho de Paramount, uma área de grande concentração de imigrantes latinos, provocando ainda mais protestos. Imagens mostraram dezenas de agentes de segurança tentando dispersar os manifestantes com gás lacrimogênio.
Nas últimas semanas, o governo dos EUA efetuou várias alterações no seio do ICE com o objetivo de promover mais detenções. O objetivo de Trump é efetuar, pelo menos, 3.000 detenções por dia.
fonte: terra