Política

Com disputa majoritariamente de homens, pré-candidatos buscam mulheres para vice

Tereza Cristina é cotada para ser vice de Bolsonaro. Foto: Reprodução.

Cientista política afirmou que, além da intenção de captar eleitorado feminino, estratégia mira o aspecto financeiro

Recentemente os rumores de que o presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) escolheria uma mulher para ser candidata à vice-presidência voltou a ganhar força. O nome cotado é o da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina – que já revelou que prefere sair como candidata ao Senado. 

Em Goiás, alguns pré-candidatos já revelaram que têm preferência por compor chapa com mulheres. Pré-candidato apoiado por Bolsonaro no estado, major Vitor Hugo deu diversas declarações em que descreve as características que busca para vice: mulher, ligada ao agronegócio e evangélica. Outro pré-candidato ao executivo goiano, Gustavo Mendanha (Patriota) também se movimentou na busca por uma mulher para a disputa.

A cientista política Marcela Machado afirmou que a estratégia de inserir mulheres nas chapas envolve uma série de apelos por parte dos políticos, dentre eles: o âmbito financeiro e a intenção de captar eleitorado feminino.

“Trazer mulheres para compor chapa pode ser entendido por diferentes leituras, como trazer mais dinheiro para a chapa, já que existe um percentual do FEFC [Fundo Especial de Financiamento de Campanha] a ser alocado para candidaturas femininas, aleḿ de agradar esse apelo social de trazer mais mulheres para a disputa real na política, flexibilizando o pleito e dando uma tônica diferente para essas candidaturas, que são tradicionalmente masculinas, mirando, assim, em um eleitorado diferente”, explicou.

Machado destacou que a estratégia de atrair votos das eleitoras pode ser ineficaz, visto que mulheres não votam em outras apenas considerando o gênero. “Nós mulheres somos a maioria do eleitorado, mas pesquisas já sinalizaram que mulheres não tendem a votar em mulheres unicamente pela identificação de gênero. Os condicionantes da escolha eleitoral são diversos. O gênero é apenas um deles e que se mostra, até então, pouco relevante”, disse.

Vale ressaltar que, enquanto a busca por vice-governadoras ganha força, apenas um nome foi apresentado no protagonismo da pré-candidatura ao Governo de Goiás: Helga Martins (PCB). Nesse cenário, a cientista política chamou a atenção para a forma como as mulheres estão sendo inseridas na política, em uma conjuntura de cotas e estímulos sociopolíticos. “Os incentivos para a participação de mulheres na política, bem como o apelo social por mais mulheres na política, têm crescido desde as eleições de 2018. O que a gente tem que refletir é, principalmente nestes casos em que se busca mulheres para disputar como vice, as mulheres que estão sendo colocadas nestes cargos estão tendo condições ideais de disputar eleição?”, questionou.

Existem dois principais amparos à participação feminina nas eleições: uma lei que estabelece que no mínimo 30% das candidaturas devem ser de mulheres e a obrigação dos partidos de direcionarem 5% do Fundo Partidário para as campanhas delas. Apesar de diversos partidos terem sido punidos por escalar mulheres apenas para cumprir a cota de candidaturas, sem nenhum recurso, Marcela Machado ressaltou que recentemente as legendas obtiveram perdão por meio da PEC de anistia, o que corrobora para a fragilização do escopo político nesse âmbito.

Fonte: Jornal Opçaõ

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