Com dívida de R$ 43 bi, Americanas pedem recuperação judicial
As Americanas entraram hoje com pedido de recuperação judicial para evitar a quebra da empresa após a revelação de um rombo bilionário em seus balanços financeiros.
“Buscou-se o ajuizamento da tutela cautelar de caráter antecedente, a fim de evitar danos irreversíveis ao seu caixa, que é essencial, passe o truísmo [obviedade], para o funcionamento de uma grande empresa do setor varejista.”
A empresa declarou dívidas de R$ 43 bilhões com um total de 16.300 credores. Mais cedo a empresa tinha revelado estar com apenas R$ 800 milhões em caixa, dos quais “parcela significativa” estava “injustificadamente indisponível para movimentação”.
Por meio de nota, as Americanas informaram que seguirão “operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial, cujo um dos objetivos principais é a própria manutenção de empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral”. O pedido foi protocolado na Justiça do Rio de Janeiro.
Entenda a crise das Americanas
O ex-CEO da empresa Sérgio Rial ficou apenas dez dias no cargo e pediu demissão após revelar um rombo de R$ 20 bilhões na empresa.
No dia 13, as Americanas conseguiram uma proteção liminar contra credores e a Justiça deu 30 dias para a empresa decidir se pedirá ou não recuperação judicial, citando uma dívida potencial de R$ 40 bilhões.
A agência S&P rebaixou a nota de risco de crédito das Americanas para “D”, de default (calote).
Bancos conseguiram reverter a decisão liminar e, em razão da falta de avanço nas negociações com credores, as Americanas decidiram pelo caminho da recuperação judicial.
BTG Pactual, Bradesco e Santander Brasil estão entre os os mais expostos à dívida da varejista.
A CVM abriu investigações para apurar o escândalo contábil. Um grupo de acionistas minoritários também entrou na Justiça pedindo indenização e dizendo que a empresa “manipulou fatos e dados”.
Para justificar o pedido de recuperação judicial, a empresa diz que todo o seu caixa ‘vem sendo dragado’ pelos bancos e que sem a proteção contra credores há risco de ‘absoluto aniquilamento do fluxo de caixa’ do grupo, o que impedirá o pagamento de fornecedores e funcionários.
A empresa afirma manter mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, e reunir 3.600 estabelecimentos no país.
Próximos passos
As Americanas agora aguardam o atendimento ou não do pedido de recuperação. A empresa pediu prazo de 48 horas para apresentação da lista de credores completa.
Após a aprovação do pedido, ela tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação e demonstrar sua viabilidade financeira.
Se o pedido for negado, as Americanas podem ter sua falência decretada.
Caso o pedido seja aceito, todas as cobranças feitas às Americanas serão suspensas por 180 dias.
O juiz responsável pelo caso nomeará um administrador judicial para conduzir o processo de recuperação.