Como funcionava a máfia das apostas
Uma investigação do Ministério Público de Goiás (MPGO) levantou centenas de provas que trouxeram à tona um dos maiores escândalos do futebol brasileiro. A “Operação Penalidade Máxima” apontou o envolvimento de jogadores em um esquema de manipulação de resultados de partidas.
Segundo as investigações, para cometer as fraudes, os atletas eram acionados por apostadores, que prometiam dinheiro por penalidades específicas:
- número determinado de faltas;
- levar cartão amarelo;
- garantir um número específico de escanteios para um dos lados;
- atuar para a derrota do próprio time.
Foram identificadas fraudes em partidas do Campeonato Brasileiro da Série A e da Série B de 2022 e de campeonatos estaduais realizados em 2023.
Para detalhar como foram as fraudes em cada jogo, o g1 criou um infográfico que detalha quem são os atletas envolvidos, os valores das propostas de retorno financeiro e se as penalidades foram cometidas.
Gabriel Tota recebeu proposta de R$ 50 mil por um cartão amarelo. Não há informação no documento do MP de se o jogador completou ou não o combinado na aposta.
A proposta para cometer um pênalti no primeiro tempo foi de R$ 150 mil e partiu de Ygor de Oliveira (Ygor Catatau) e Luís Felipe Rodrigues. O MPGO apurou que o próprio Ygor foi cooptado, mas além dele, Allan Godoi dos Santos, André Luís Guimarães Siqueira Júnior (André Queixo), Mateus da Silva Duarte (Mateusinho) e Paulo Sérgio Marques Corrêa também receberam a proposta. Mateusinho cometeu o pênalti.
O jogador Joseph Maurício recebeu a proposta de R$ 400 mil para ser expulso no primeiro tempo. O apostador que negociou a jogada foi Bruno Lopez. Não há informação de a penalidade foi cometida.
A operação
As investigações da Operação Penalidade Máxima começaram no final de 2022, quando o volante do Vila Nova, em Goiás, Romário, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Na época, a situação foi denunciada pelo presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que entregou as provas ao MPGO.
Segundo o Ministério Público, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 500 mil para que cometessem lances específicos nos jogos, como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time.
O órgão explicou que o esquema funcionava sobre uma divisão de quatro núcleos: os apostadores, que contratavam e aliciavam jogadores, além de pagarem os jogadores e fazerem as apostas nos sites esportivos; os financiadores, que asseguravam a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas; os intermediadores, que indicavam contatos e facilitavam a aproximação entre apostadores e atletas; o núcleo administrativo, que fazia transferências financeiras aos integrantes do grupo.
Quais são as penas previstas?
Os jogadores denunciados vão responder pelo artigo 41-C do Estatuto do Torcedor:
- crime com pena de reclusão de dois a 6 seis anos e multa: solicitar ou aceitar, para si ou para outro, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competições esportivas.
- Já os integrantes dos núcleos devem responder por organização criminosa, podendo ter pena de 3 a 8 anos de prisão e multa.
O MPGO não divulgou quais serão os próximos passos da operação.
Fonte: g1