Delegado suspeito de estuprar miss trans é afastado das funções, em Goiânia
A Polícia Civil de Goiás, afastou das funções o delegado suspeito de estrupar miss trans em Goiânia, a partir de segunda-feira (8), ele passará a trabalhar em uma unidade administrativa.
O delegado disse, em nota, que repudia as acusações e que se coloca à disposição das autoridades na investigação do caso. Além disso, disse que “irá provar sua inocência” e que está “muito abalado com o ocorrido” .
A vítima afirma que o abuso aconteceu na madrugada de sexta-feira (5), após saírem de uma boate em Goiânia. Ao final da festa, segundo a denúncia, o delegado ofereceu carona para ela e outra mulher. Após deixar a outra convidada em casa, de acordo com o relato, a miss foi estuprada.
A miss trans conseguiu uma medida protetiva neste sábado (6) que o obriga a manter distância dela e de sua família.
Medida protetiva
A decisão da medida protetiva foi dada pelo juiz plantonista Thiago Soares Castelliano Lucena de Castro e foi obtida pela TV Anhanguera.
Nas redes sociais, a vítima contou ter ficado assustada e com medo de denunciar o abuso. No documento emitido pelo TJGO, em que a miss conseguiu a medida protetiva, o juiz determinou que o delegado:
- permaneça a uma distância mínima de 300 metros da miss e de seus familiares, sem qualquer tentativa de aproximação;
- não entre em contato com a miss ou seus familiares por qualquer meio de comunicação (telefone, WhatsApp, e-mail e outros);
- não frequente os mesmos locais que a miss;
Medida protetiva que miss trans conseguiu contra delegado em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A vítima afirma que o abuso aconteceu na madrugada de sexta-feira (5). Ela teria ido a festa de um jornalista, que fechou uma boate em Goiânia, e o delegado era um dos convidados. Ao final da festa, o jornalista foi embora e o delegado ofereceu carona para ela e para outra mulher.
Primeiro, o delegado teria deixado a outra mulher em casa e, depois, seguiu em direção a casa da vítima. Ela afirma que, em determinado momento, ele a levou até o porta-malas, onde a abusou sexualmente. Na sequência, a deixou em casa, no Setor Jaó.
Imagens de uma câmera de monitoramento mostram um carro na porta da casa da vítima e o momento em que ela deixa o veículo, completamente nua.
A mulher divide casa com o amigo Ricardo Amaral Dias. À TV Anhanguera, ele contou que ela chegou em casa dopada e bastante ferida. Ele chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a vítima foi levada para um hospital, onde recebeu atendimento médico.
“Estava muito dopada, muito dopada. Então, ela chegou na porta de casa completamente nua, com alguns pertences, que era um sapato e um vestido”, lembra o amigo.
Ricardo afirma que a vítima relatou ter sido ameaçada pelo delegado. Pela manhã, ela ainda ligou para o jornalista para contar sobre o caso e foi aconselhada a não denunciar o crime, por conta da influência do delegado. O amigo Ricardo foi quem a incentivou a procurar justiça. O jornalista deverá ser ouvido pela polícia.
“As ameaças foram para ela, inclusive, ela quis desistir de denunciar e eu não a deixei desistir. Ele falou pra ela: ‘olha, vamos resolver isso tudo numa boa, se você for na polícia não vai ser numa boa’”, relatou o amigo.
Nota da Polícia Civil:
“A Polícia Civil de Goiás informa que, assim que tomou conhecimento do fato, adotou todas as medidas necessárias para seu esclarecimento, sendo o caso investigado pela Delegacia da Mulher (Deaem) com auxílio e acompanhamento da Corregedoria.”
Nota do delegado
“De início, repudia veementemente as acusações e se coloca à inteira disposição das autoridades nas investigações que apuram o caso.
Informa que ainda não foi ouvido no inquérito que investiga o suposto estupro. Irá provar a sua inocência e neste momento está muito abalado com o ocorrido, cuidando de sua família, esposa e filho.
Por fim, pede encarecidamente a todos cautela nas conclusões precipitadas, que aguardem as conclusões das investigações no esclarecimento dos fatos, que ao final irá demonstrar a sua inocência.”
O JUO não divulgou o nome da vitíma, nem do delegado em observação aos princípios constitucionais, em especial o da ampla defesa, do contraditorio e presunção de inocência até o transito em julgado.