Economia

Dólar sobe para 2º maior valor da história com risco fiscal e medo de Trump

O dólar comercial subiu 1,53% nesta sexta-feira (1º), para R$ 5,8698 na venda — o maior nível de fechamento desde 13 de maio de 2020 e segundo mais alto da história, em termos nominais (sem correção da inflação), segundo o Valor Data. Em uma semana, a alta acumulada é de 2,9%. O dólar turismo avançou 1,37%, para R$ 6,088.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, caiu 1,22%, para 128.123 pontos.

A recente valorização da moeda americana reflete a preocupação dos investidores internacionais com a possibilidade de vitória do candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. No Brasil, a demora do governo federal em divulgar as esperadas medidas de corte de gastos do Orçamento tem pesado.

No mundo todo, o dólar subiu nesta sexta (1º), estendendo um movimento de alta que dura mais de uma semana. Hoje, a moeda americana teve valorização em relação a 31 das 33 moedas mais líquidas de uma cesta monitorada pelo Valor Data. Entre essas 33, o real foi o que teve o pior desempenho.

A expectativa de que Trump vença as eleições americanas faz o dólar subir porque o republicano deve implementar medidas econômicas inflacionárias, como restringir a importação de mercadorias. Com essa previsão de preços mais altos, os investidores internacionais aumentam suas apostas de que os juros americanos podem voltar a subir no ano que vem e correm para comprar ativos de renda fixa nos EUA. Para isso, vendem moeda nos seus países de origem e compram dólares. É o chamado “Trump Trade”.

No Brasil, a preocupação com a situação fiscal também faz o real se desvalorizar. A notícia de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará na Europa entre segunda-feira (4) e sábado (9) não caiu bem. O mercado esperava para logo depois das eleições municipais a divulgação de um pacote de corte de gastos, o que ainda não aconteceu. Com a ausência do ministro na próxima semana, decisões sobre o ajuste fiscal ainda devem demorar mais de dez dias para serem divulgadas.

“A expectativa de um atraso na divulgação do pacote fiscal gera um clima de insegurança, especialmente com a viagem do ministro.” – Christian Iarussi, especialista do escritório de agentes autônomos de investimentos The Hill Capital.

Em valores reais, a cotação da moeda brasileira ante o dólar ainda está longe do recorde. As comparações históricas de valores de divisas precisam ser relativizadas devido à inflação. Corrigindo o valor do recorde anterior, de 13 de maio de 2020, pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cotação de R$ 5,9007 neste momento corresponderia a R$ 7,74, de acordo com a Calculadora do Cidadão, do BC, que só tem dados até o final de setembro.

fonte: uol

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