Polícia

Em 30 dias, polícia prende 634 e mata 22 após morte de PM no Guarujá

A Operação Escudo, que teve início após o assassinato de um PM da Rota no Guarujá (SP), completou 30 dias com 634 prisões, 22 mortes e com apreensões de 84 armas e 900 kg de drogas na Baixada Santista. Em um balanço parcial da operação, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) também destaca prisões de pessoas apontadas como lideranças do PCC na região.

Prejuízo de mais de R$ 2 milhões para o crime organizado, segundo o governo. O saldo está em um balanço divulgado pela SSP . A ação conta com a presença de cerca de 600 PMs de todos os batalhões do estado de São Paulo.

Suspeitos de serem lideranças do PCC foram presos. No dia 13 de agosto, a PM prendeu um suspeito de coordenar o “tribunal do crime” na Baixada Santista. Com ele, os agentes apreenderam uma pistola, munições e carregadores.

Suspeito participar da morte de policiais foi preso. Cinco dias depois, a corporação capturou Jeferson de Lima Santos, o Jefinho, apontado como um dos líderes do PCC na região e que estava foragido desde 2021. Acusado de participar da morte de dois agentes de segurança no Guarujá, ele apareceu em um vídeo que viralizou nas redes sociais ostentando um fuzil em plena luz do dia. O suspeito tinha passagens por homicídio, tráfico, porte ilegal de arma, receptação e desobediência.

Na última quarta-feira (23), policiais civis prenderam um suspeito de integrar o tráfico em uma casa de luxo no Guarujá. Ele tinha passagens por roubo e também estava foragido da Justiça.

Denuncias de abuso

Moradores relatam abuso de policiais durante operação. O UOL publicou uma série de reportagens com denúncias de moradores, que relatam episódios de abuso de autoridade e até assassinatos.

O ambulante Felipe Vieira Nunes, que morreu no Guarujá, teria sido torturado e assassinado. O UOL foi ao local da morte e ouviu moradores. Eles recolheram cápsulas nas ruas e acusam os policiais atirar ao passar pela região.

Mulher diz que marido morreu indo ao mercado; outro morador acusa polícia de matar jovem enquanto dormia. “Mataram ele dormindo com um tiro no tórax”, relatou o parente de um jovem morto em Santos. A mulher de um vendedor diz que o seu marido foi assassinado ao sair de casa para ir ao mercado. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) diz que todas as mortes estão sendo investigadas.

As câmeras nos uniformes dos policiais só mostram três ações com mortes. As imagens enviadas ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo) mostram apenas três das ações iniciais que resultaram em 16 mortes. A Promotoria teve acesso a filmagens de sete dessas ações, segundo a própria PM.

Sete em cada dez presos em flagrante na operação são negros. O dado é de um levantamento da Defensoria Pública. O relatório preliminar analisou prisões e capturas entre 27 de julho e 15 de agosto, com base em 170 casos apurados. Nesse período, outras 94 pessoas presas eram procuradas pela Justiça, de acordo com os dados obtidos pela Defensoria.

Em 90% dessas prisões em flagrante não teve apreensão de armas. E em 67% não houve drogas apreendidas, segundo aponta o relatório.

“A Ouvidoria [da Polícia do Estado de São Paulo] vê com muita preocupação as informações que apontam para um quadro onde a maioria das pessoas presas em flagrante no período da operação é preta e parda, não tinha antecedentes, e não possuía arma de fogo”, disse Cláudio Silva, ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo.

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