Em segundo cumprimento, Moraes tomou a iniciativa e procurou Bolsonaro
Quebra de protocolo promovida por presidente do Tribunal Superior do Trabalho teve o propósito de aproximar o presidente e o ministro do STF, que vivem conflito público
A cena que surpreendeu o país no início da noite, durante cerimônia no Tribunal Superior do Trabalho, se repetiu instantes depois, só que longe das câmeras. O cumprimento entre adversários públicos, nesta segunda ocasião, foi iniciativa do ministro do STF Alexandre de Moraes. O magistrado buscou Bolsonaro antes de deixar o salão da solenidade e voltou a cumprimentá-lo, na despedida, repetindo o gesto do presidente minutos antes. A distensão agradou aos presentes que receberam a aproximação com visível alívio.
Durante a solenidade de ratificação dos ministros do TST, foi uma quebra de protocolo do presidente do Tribunal, Emmanoel Pereira, que permitiu o primeiro aperto de mão entre os dois desafetos. Pereira sugeriu a Bolsonaro que entregasse a faixa aos ministros empossados. Em tom de brincadeira, o presidente disse que entregaria apenas aos “da direita”. Pereira correspondeu à provocação de Bolsanaro e concordou, entre risos: “Sempre à direita”.
No fim da fila dos juízes que recebiam a faixa das mãos de Bolsonaro estava sentado Alexandre de Moraes, a quem o presidente se dirigiu, com um gesto para que se levantasse. O ministro se levantou da cadeira e retribuiu o cumprimento. A cena foi aplaudida com leve entusiasmo pelos presentes, embora o gesto tenha sido recebido como mero protocolo. Instantes depois, foi a vez de o magistrado tomar a iniciativa.
A situação ocorre apenas 24 horas depois de Bolsonaro insistir numa representação contra Alexandre de Moraes por abuso de autoridade, no âmbito do inquérito das fake news — instaurado pelo próprio ministro há três anos e que tem o presidente como um dos investigados. Mesmo após a negativa do ministro Dias Toffoli, que, na véspera, havia barrado ação proposta contra o colega junto ao STF, Bolsonaro apresentou denúncia contra Moraes à Procuradoria-Geral da República. Augusto Aras ainda não se manifestou sobre a questão.
Fonte: R7