Enquanto fome aumenta, número de milionários no Brasil avança
Com uma das maiores taxas de desigualdade social no mundo, o Brasil terá uma expansão de 115% no número de milionários nos próximos anos. A previsão é do Credit Suisse, uma das principais instituições financeiras da Suíça e que destina uma parcela de sua operação para a gestão de fortunas.
Até o final do ano passado, existiam 266 mil milionários no país. Em 2020, esse número era de 207 mil. Nesse mesmo período, estudos de diferentes instituições apontaram para o aumento da fome no país.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, a pandemia agravou a fome no Brasil.
Em 2022, são 33,1 milhões de pessoas nessa situação de falta de garantias de alimentos, 14 milhões de brasileiros a mais em insegurança alimentar que em 2020.
A situação da camada mais vulnerável não afetou o segmento mais rico da sociedade brasileira e, até 2026, a previsão do Credit Suisse é de que a taxa de expansão seja uma das mais elevadas do mundo. O resultado será a existência de 572 mil milionários brasileiros.
A pandemia, enquanto aprofundou a pobreza em dezenas de países pelo mundo, viu o número de milionários aumentar em 5,2 milhões, para um total de 62 milhões de pessoas com um patrimônio de mais de US$ 1 milhão.
Esse segmento da população mundial controla 48% do PIB do planeta. Mas representa apenas 1,2% da população.
Entre 2019 e 2021, o banco admite que o mundo viveu uma nova onda de concentração de renda, depois de anos de um processo importante de distribuição. China e o continente africano também apontam para uma tendência de um aumento substancial no número de milionários, com a previsão de que essa taxa dobre até 2026.
A sociedade americana continua sendo o local com o maior número de ultrarricos, com 24 milhões de pessoas nessa categoria. Na Europa, eles são 16,7 milhões.
Mas a concentração de renda no Brasil é maior na mão desse grupo. A parcela da população que representa o 1% mais rico controla 49% da riqueza nacional em 2021. Em 2010, essas pessoas controlavam 40% do PIB. A taxa hoje nos EUA é de 35%.
De acordo com o banco, o coeficiente Gini, que mede a concentração de renda, passou de 84,5 pontos em 2000 para 89,2 em 2021, “uma das taxas mais elevadas do mundo”.
Fonte: uol