Fitch rebaixa nota de crédito dos Estados Unidos, de ‘AAA’ para ‘AA+’
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou nesta terça-feira (1º) a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira dos Estados Unidos de “AAA” para “AA+”, apontando para uma esperada deterioração fiscal nos próximos três anos, bem como uma alta e crescente carga geral da dívida do governo.
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, discordou do rebaixamento. “Discordo da decisão da Fitch Ratings. A mudança anunciada pela Fitch Ratings hoje é arbitrária e baseada em dados desatualizados”, afirmou Yellen em um comunicado.
Investidores usam as classificações de crédito para avaliar o perfil de risco de empresas e governos quando obtêm financiamento nos mercados de capitais de dívida.
O rebaixamento acontece pouco depois de um acordo sobre o teto da dívida dos Estados Unidos, que foi elevado para US$ 31,4 trilhões.
Em uma crise anterior do teto da dívida em 2011, a agência de risco Standard & Poor’s cortou a recomendação máxima dos EUA em um nível, de “AAA” para “AA+”, alguns dias após um acordo sobre o teto da dívida, apontando polarização política e medidas insuficientes para corrigir as perspectivas fiscais do país. Sua recomendação ainda é “AA+” — a segunda mais alta.
A Fitch havia colocado sua recomendação “AAA” para a dívida soberana dos EUA em alerta para um possível rebaixamento em maio, citando riscos negativos, que incluem desgaste no debate político e um crescente peso da dívida.
O que diz a agência
Na opinião da Fitch, houve uma deterioração contínua nos padrões de governança dos EUA nos últimos 20 nos, incluindo em questões fiscais e de dívida, não obstante o acordo bipartidário de junho para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025, que criaram uma desconfiança sobre o gerenciamento fiscal.
Além disso, o governo não possui um quadro fiscal de médio prazo e possui um processo orçamentário complexo. “Esses fatores, juntamente com diversos choques econômicos, bem como cortes de impostos e novas iniciativas de gastos, contribuíram para aumentos sucessivos na dívida durante a última década. Também, houve apenas progresso limitado na abordagem de desafios de médio prazo relacionados ao aumento dos custos da seguridade social e do Medicare devido ao envelhecimento da população”, diz comunicado da agência.
A Fitch também cita no comunicado esperar que o déficit do governo suba para 6,3% do PIB em 2023, ante 3,7% em 2022, refletindo receitas federais ciclicamente mais fracas, novas iniciativas de gastos e um maior encargo de juros. Os governos estaduais dos EUA também são citados, com a agência dizendo que a expectativa é que eles tenham um déficit geral de 0,6% do PIB neste ano, após terem alcançado um pequeno superávit de 0,2% do PIB em 2022.
Aumento dos Déficits do Governo Geral: Esperamos que o déficit do governo geral (GG) suba para 6,3% do PIB em 2023, ante 3,7% em 2022, refletindo receitas federais ciclicamente mais fracas, novas iniciativas de gastos e um maior encargo de juros. Além disso, espera-se que os governos estaduais e locais tenham um déficit geral de 0,6% do PIB neste ano, após terem alcançado um pequeno superávit de 0,2% do PIB em 2022.
A Fitch não espera quaisquer outras medidas substanciais de consolidação fiscal antes das eleições de novembro de 2024.
A previsão é um déficit de governo de 6,6% do PIB em 2024 e uma ampliação adicional para 6,9% do PIB em 2025. Os déficits maiores serão impulsionados pelo fraco crescimento do PIB em 2024, um encargo de juros maior e déficits mais amplos dos governos estaduais e locais de 1,2% do PIB em 2024-2025 (em linha com a média histórica de 20 anos). A proporção de juros em relação à receita é esperada para atingir 10% até 2025 (em comparação com 2,8% para a mediana ‘AA’ e 1% para a mediana ‘AAA’) devido ao maior nível de endividamento, bem como a taxas de juros sustentadamente mais altas em comparação com os níveis anteriores à pandemia, aponta o comunicado.