PM é investigado por dar tiro no rosto de bebê de 1 ano com arma de airsoft
O soldado que dirigia uma viatura da Polícia Militar (PM) é o principal suspeito de dar um tiro no rosto de uma bebê de 1 ano com uma arma de airsoft. O caso está sendo investigado como tentativa de homicídio. A criança sobreviveu, mas precisou ser operada para a retirada da munição. Ela precisou tomar pontos na bochecha.
Ele ocorreu na última terça-feira na Zona Leste de São Paulo e foi gravado por uma câmera de segurança. As investigações estão sendo feitas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PM.
O soldado Henrique Rodrigues da Silva e o sargento Tony Ricardo Pinto, que estavam na viatura que patrulhava a Rua Sete Estrelas, no Itaim Paulista, foram afastados preventivamente pela corporação. O veículo da Polícia Militar aparece nas imagens. As cenas estão sendo analisadas pelas autoridades.
No vídeo que gravou a ação policial é possível ver o momento que o motorista da viatura da PM reduz a velocidade, depois coloca o braço para fora da janela. Segundo a Polícia Civil, nesse instante o policial militar aponta uma arma de pressão na direção de uma moto que vinha no sentido contrário e atira.
Na motocicleta estavam a menina e o pai, que não tinha habilitação e ainda pilotava sem capacete. Transportar crianças menores de 10 anos de idade também é ilegal. Segundo a lei de trânsito, essas infrações são consideradas gravíssimas. As punições para quem as comete podem ir de multa a suspensão do direito de dirigir e até apreensão do veículo. Ele será investigado por essas irregularidades.
Em nenhum momento, no entanto, os dois PMs deram ordem de parada para o pai da bebê. Ao invés disso, um dos agentes, o soldado Henrique, segundo as investigações, dispara e atinge a criança.
Airsoft é uma arma de pressão que não é usada oficialmente pela PM, o que configura outra irregularidade. Ela usa munição de plástico e é usada por praticantes de tiros esportivos em estandes apropriados.
Até a última atualização desta reportagem, a airsoft usada no crime não havia sido apreendida ou entregue para as autoridades. A bala foi encaminhada à Polícia Técnico-Científica para ser periciada.
Os dois PMs ficaram em silêncio quando foram interrogados na Corregedoria e no 67º Distrito Policial (DP), Jardim Robru. As imagens gravadas pelas bodycams (câmeras corporais) dos agentes estão com a Corregedoria e serão encaminhadas à delegacia. As autoridades querem analisá-las para depois responsabilizar e indiciar cada policial militar no caso da bebê baleada.
Por meio de nota, os advogados Wanderley Alves, Simone Alvarado e Amauri Ferreira, que defendem os policiais militares, informaram que ainda não tiveram acesso aos documentos da investigação, mas que “eleger uma hipótese fática sem a devida investigação é uma medida precipitada e um terreno fértil para ocorrência de vieses cognitivos, geradores de erro na avaliação dos fatos”.
Os PMs sequer registraram a ocorrência sobre o pai da criança ter pilotado de maneira irregular. A câmera de segurança mostra que eles foram embora na viatura após o disparo na bebê.
Depois testemunhas filmaram quando mais outras duas viaturas apareceram na mesma rua em busca de câmeras que pudessem ter gravado o que aconteceu. Eles também deixaram o local depois que moradores contaram que uma bebê foi ferida por um policial militar.
De acordo com a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, os PMs envolvidos no caso podem responder por fraude processual e ser demitidos.
“A Polícia Militar é uma instituição legalista, que não compactua com desvios de conduta e que promove treinamentos constantes para que todos os seus integrantes ajam dentro dos protocolos estabelecidos”, informa nota divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Fonte: g1