Por que o preço do ovo disparou mais de 40% no Brasil, em uma semana
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Alguns supermercados americanos começaram a racionar a venda de ovos para fazer frente à escassez do produto – Foto: Getty Images via BBC
O preço do ovo no atacado registrou uma alta de mais de 40% em fevereiro em diversas regiões produtoras do país, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/USP).
Especialistas dizem que o aumento é impulsionado pelo custo do milho, calor intenso e demanda aquecida na Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa.
Sair para comprar ovos e não encontrar passou a ser um problema cada vez mais comum nos Estados Unidos. Os ovos estão cada vez mais caros e ausentes das gôndolas dos supermercados.
Os preços desse alimento tão consumido duplicaram no período de um ano. Agora, os consumidores precisam pagar, em média, US$ 4,77 (cerca de R$ 27) por uma dúzia de ovos tipo A. Pouco mais de um ano atrás, eles custavam US$ 2,51 (cerca de R$ 14).
Em Santa Maria de Jetibá (ES), por exemplo, um dos principais polos de produção do Brasil, o valor da caixa de 30 dúzias de ovos vermelhos chegou a R$ 276,54 na quarta-feira (19), uma alta nominal (sem desconto da inflação) de 43% em relação à cotação de um ano atrás (R$ 193,65).
“Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40 a caixa com 30 ovos, é um absurdo. Vamos ter que fazer reunião com atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo”, disse o presidente.
Nesta quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre a situação do preço do ovo, ao dar entrevista sobre a inflação dos alimentos.
E os aumentos aceleraram nos últimos dois meses. Os ovos ficaram cerca de 15% mais caros entre dezembro e janeiro e passaram a ser um dos principais motivos da inesperada alta da inflação nos Estados Unidos.
A combinação negativa de dois fatores têm peso relevante nessa alta. De um lado, a oferta do produto passa por um período de baixa. Por outro, há um aumento da demanda por proteínas mais baratas, caso do ovo, puxada tanto pela Quaresma quanto pela elevação do preço das carnes vermelhas.
Alguns supermercados não têm ovos à venda e outros restringiram a quantidade que cada cliente pode comprar, para evitar a monopolização e revenda de um produto cotado a preços cada vez mais altos.
Nos supermercados, além do impacto no bolso, os consumidores também enfrentam uma redução no peso médio dos ovos. Com a entrada em vigor da Portaria SDA nº 1.179, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, em 6 de setembro de 2024, a nova classificação diminuiu o peso médio dos ovos em quase 10 gramas por unidade, afetando o custo-benefício do produto.
A popular rede americana de restaurantes Waffle House começou a cobrar um adicional de US$ 0,50 (cerca de R$ 2,85) por ovo para compensar o encarecimento do produto.
E, na localidade de Antrim, no Estado americano da Pensilvânia, as autoridades relataram, no dia 6 de fevereiro, o roubo de uma carga de 100 mil ovos, avaliada em cerca de US$ 40 mil (cerca de R$ 228 mil) do reboque de um caminhão.
“Este é um caso único. Nunca, em toda a minha carreira, ouvi falar no roubo de 100 mil ovos”, declarou à imprensa local Megan Frazer, da Polícia do Estado da Pensilvânia.
A questão dos ovos se soma ao problema enfrentado por muitos consumidores, que afirmam enfrentar dificuldades para comprar artigos essenciais, devido ao aumento da inflação americana nos últimos anos. Este foi um dos temas que dominaram a última campanha eleitoral e que, segundo muitos analistas, foi um dos motivos que levaram Donald Tump de volta à Casa Branca.