Protesto no Peru pela renúncia da presidente têm confrontos
Em Lima, no Peru, uma grande manifestação nesta quinta-feira (19/1) exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte gerou confrontos em meio a uma operação de segurança organizada pelas autoridades para evitar distúrbios e vandalismo.
As autoridades confirmaram 54 fatalidades relacionadas à crise no país, que começou em 7 de dezembro. Segundo o governo, 44 pessoas morreram em protestos e 9 em incidentes ligados a bloqueios nas estradas. A outra morte foi de um policial.
Em Arequipa, segunda maior cidade do país, foi registrada uma batalha campal entre as forças de ordem e mil manifestantes que tentaram invadir o aeroporto e foram repelidos com gás lacrimogêneo, segundo TVs locais.
A polícia tentou evitar com gás lacrimogêneo a chegada de um grupo ao Congresso, com confrontos na avenida Abancay, no centro da cidade, quando os manifestantes lançaram pedras de pavimentação arrancadas da calçada contra os agentes, verificaram repórteres da AFP.
“[Em Lima, as autoridades mobilizaram] 11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e da participação das Forças Armadas”, informou o chefe da Região Policial Lima, general Víctor Zanabría.
Nesta quinta-feira, foi anunciada a morte de um manifestante que, horas antes, levou um tiro no tórax quando protestava em Macusani, região de Puno, informou a Defensoria do Povo à AFP. Um mulher já havia morrido na véspera baleada nos protestos de Macusani, onde uma multidão incendiou uma delegacia e uma sede do Poder Judicial.
O aeroporto de Arequipa suspendeu suas operações por motivos de segurança. O serviço ferroviário entre Cusco e a cidadela inca Machu Picchu, joia do turismo peruano, também foi suspenso, indicou a operadora.
O país vive intensos protestos desde que o presidente Pedro Castillo foi deposto pelo Congresso e preso em 7 de dezembro, após uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado, quando tentou fechar o Parlamento, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.
Estado de emergência
Bloqueios de estradas foram vistos em 18 das 25 regiões do país, segundo autoridades de transporte, ressaltando o alcance dos protestos. A polícia aumentou a vigilância das estradas que entram em Lima e os líderes políticos pediram calma.
Na semana passada, o governo de Boluarte estendeu o estado de emergência em Lima e nas regiões do sul de Puno e Cusco, restringindo alguns direitos civis.
“Não queremos mais mortes, não queremos mais feridos, sangue suficiente, luto suficiente para as famílias do Peru”, disse o ministro do Interior, Vicente Romero, a repórteres.
Boluarte pediu “perdão” pelas mortes nos protestos, mesmo quando as faixas dos manifestantes a rotulam de “assassina” e chamam os assassinatos das forças de segurança de “massacres”. Ela rejeitou pedidos de renúncia.
Grupos de direitos humanos acusaram a polícia e o exército de usar armas de fogo letais nos protestos. A polícia diz que os manifestantes usaram armas e explosivos caseiros.
“Não vamos esquecer a dor que a polícia causou na cidade de Juliaca”, disse uma manifestante que viajava para Lima, que não quis se identificar. Ela se referiu à cidade onde um protesto especialmente mortal ocorreu no início deste mês. “Nós mulheres, homens, crianças temos que lutar.
Outros manifestantes apontaram razões estratégicas para atacar a capital peruana.
“Queremos centralizar nosso movimento aqui em Lima, que é o coração do Peru, para ver se eles se movem”, disse o manifestante Domingo Cueva, que viajou de Cusco.
Pronunciamento de Dina Boluarte
Em um pronunciamento feito na noite de quinta-feira, Dina Boluarte afirmou que a situação foi controlada e que “o governo está firme e o seu gabinete mais unido do que nunca”.
“Ao povo peruano, aos que querem trabalhar em paz e aos que geram atos de protesto, digo: não me cansarei de chamá-los ao bom diálogo, dizendo-lhes que trabalhem pelo país”, disse a presidente.
“Todo o rigor da lei vai cair sobre essas pessoas que praticam vandalismo”, disse.
Mortes
As autoridades confirmaram 54 mortes desde o início da crise no país, que começou em 7 de dezembro. Segundo o governo, 44 pessoas morreram em protestos e 9 em incidentes ligados a bloqueios nas estradas. A outra morte foi de um policial.
Nesta quinta-feira (19), foi anunciada a morte de um manifestante que, horas antes, levou um tiro no tórax quando protestava em Macusani, região de Puno, informou a Defensoria do Povo à AFP. Um mulher já havia morrido na véspera baleada nos protestos de Macusani, onde uma multidão incendiou uma delegacia e uma sede do Poder Judicial.
O país vive intensos protestos desde que o presidente Pedro Castillo foi deposto pelo Congresso e preso em 7 de dezembro, após uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado, quando tentou fechar o Parlamento, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.
Fonte: g1