Ronaldo Caiado pode ficar neutro na disputa do primeiro turno para presidente?
Pesquisas indicam que há um alinhamento de parte do eleitorado de Lula da Silva com o governador de Goiás
É notório que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem mais identidade ideológica com o presidente Jair Bolsonaro, do PL, do que com o ex-presidente Lula da Silva, do PT.
Bolsonaro é de direita e Lula da Silva é de esquerda. Ronaldo Caiado é um político efetivamente liberal, mais próximo da centro-direita. Ele é moderado, diplomata, civilizado e pró-ciência (é médico-ortopedista especializado em Paris, na França).
Entre os aliados do governador há os que defendem que deveria declarar apoio a Bolsonaro já no primeiro turno. Mas há outros, estribados em pesquisas de intenção de voto e em pesquisas qualitativas, que postulam que, ao menos no primeiro turno, Ronaldo Caiado deve ficar neutro.
As pesquisas mostram uma coisa curiosa: em Goiás há um certo alinhamento entre os eleitores de Ronaldo Caiado e de Lula da Silva, assim como há um alinhamento entre parte dos eleitores de Bolsonaro e do governador.
O que explica tal alinhamento? No caso de Lula da Silva e Ronaldo Caiado, o vínculo mais provável são os programas sociais, ou seja, o fato de que ambos se preocupam com gente, com os mais pobres.
Quando se refere a Bolsonaro e Ronaldo Caiado, trata-se de um alinhamento derivado da ideologia — ambos não são de esquerda e, ao mesmo tempo, alinham-se com o setor produtivo, como o agronegócio.
Então, no primeiro turno, talvez seja mais pragmático Ronaldo Caiado concentrar-se no processo eleitoral unicamente de Goiás. No segundo turno, se houver, há a tendência de o governador se alinhar a Bolsonaro.
O presidente tem cometido o erro de permitir que seus aliados em Goiás “ataquem” Ronaldo Caiado. Não há lógica em atacar um possível aliado — seja no primeiro turno ou no segundo turno. Bolsonaro vai enfrentar uma eleição dificílima contra Lula da Silva e vai precisar do apoio de vários governadores, como Ronaldo Caiado. Porém, se sua base em Goiás mantiver os “ataques” ao governo do líder do União Brasil, como ele poderá apoiar o presidente, na hipótese de segundo turno?
Fonte: Jornal Opção