Torcer para a seleção ficou mais caro; entenda a inflação da Copa
A alta generalizada dos preços no Brasil, aliada à perda de poder de compra, também vai afetar a torcida brasileira na Copa do Catar
Nunca esteve tão caro torcer para o Brasil em uma Copa do Mundo como neste ano. É o que mostram os dados de inflação e o preço dos produtos que compõe a “inflação da Copa do Mundo” no país. Esse cálculo é feito a partir dos produtos que o brasileiro geralmente consome em época da maior competição de futebol do planeta, de acordo com a cultura do povo. Entram na lista a carne, a cerveja, o pão francês, os televisores e outros itens indispensáveis para uma festa em dia de jogo da seleção brasileira.
A maior alta foi a das carnes, que subiram 76,7% desde 2018, ano da Copa na Rússia. É, aliás a maior das registradas entre os períodos de 4 anos a cada competição. De 2006, a 2010, foi de 62%, de 2010 a 2014, de 46,2% e até 2018 de 29,5%. Para a felicidade de grande parte dos entusiastas da seleção, a cerveja não foi dos itens que mais sofreram com a inflação, já que alta foi de 17,3%.
O economista Bruno Imaizumi, responsável pelo estudo, diz que a alta das carnes está relacionada ao aumento global do consumo desse alimento, sobretudo no pós pandemia. “Está associado ao aumento de preço das commodities, porque as vezes, depois da vacina, passaram a consumir mais, em uma cadeia global de consumo”
“Ficou mais caro transportar bens de um lugar para outro. Não só a carne, mas a soja, o trigo, o milho, que alimentam os animais também encareceram bastante”, explica. Sobre a cerveja, diz que há um aumento represado e que o preço deve subir nos próximos meses em algo “em torno dos 3,3%”, complementa.
Ele diz que, apesar do aumento de 50%, em média, dos produtos, espera que o faturamento aumente cerca de 30% por conta da Copa do Mundo. “Se não fosse a pandemia, o normal era aumentar 30%, e aumentou 50%, mas isso não prejudica as vendas, porque tudo sobe junto. Talvez as pessoas comprem menos, quem gastava 200, vai gastar 180 e também depende muito de o time estar bem”.
Camila Machado confirma o receio do empresário, e diz que até pretende comprar, mas talvez em menor quantidade. A dentista relata que “costumo fazer festa, decorar bastante. Está tudo mais caro, e isso desanima, faz com que eu diminua a quantidade de compra e gaste menos, mas estou bastante animada para a Copa! A gente merece, depois da pandemia, fazer uma festa, um churrasco em casa”.
A Copa, que será sediada pelo Catar, acontece em dezembro pela primeira vez, para fugir do verão do Oriente Médio. A competição, então, acontece no verão brasileiro, mas, de acordo com Bruno, é difícil de avaliar o impacto disso na economia. “Em 2002 a Copa foi de madrugada, ninguém fazia churrasco. A Copa no verão deve ter algum impacto, mas é difícil de saber qual”.
Fonte:R7