Trump aplica tarifas de 50% sobre todos produtos brasileiros e Lula diz que vai usar lei de reciprocidade contra EUA

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Após reunião de emergência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (9) que o tarifaço de 50% a todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos será respondido com a Lei de Reciprocidade Econômica.
Na rede social, Lula defendeu a soberania do país e disse que é falsa a alegação do presidente norte americano Donald Trump de que a taxação seria aplicada em razão de déficit na balança comercial com o Brasil.
Lula repetiu discurso de soberania. Em nota oficial, o presidente Lula diz que o Brasil “é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Lula também publicou o texto o posicionamento em inglês nas redes sociais.
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais. No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.”
Lula defendeu liberdade de expressão. “No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.”
Lei de reciprocidade.
A lei brasileira sancionada em abril estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.
O lei autoriza o Poder Executivo, em coordenação com o setor privado, “a adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços ou medidas de suspensão de concessões comerciais, de investimento e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual e medidas de suspensão de outras obrigações previstas em qualquer acordo comercial do país”.
O presidente diz ainda que é falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. “As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”.
Trump usa Bolsonaro como motivo
Mistura política com comércio. Ao anunciar as tarifas, Trump relacionou a decisão insinuando uma sanção contra atitudes das instituições brasileiras pelo julgamento de Jair Bolsonaro e sua derrota nas eleições de 2022.
Na segunda-feira Trump fez uma manifestação pública por meio de rede social defendendo ex-presidente Bolsonaro, que está sendo processado por tentativa de golpe de estado no Supremo Tribunal Federal.
Hoje, Trump associou o processo contra o ex-presidente, que classifica como perseguição política do Judiciário brasileiro, com a necessidade de tarifa sobre os produtos do Brasil.
“A maneira como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um Líder Altamente Respeitado em todo o Mundo durante seu Mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma desgraça internacional. Este Julgamento não deveria estar acontecendo. É uma Caça às Bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”,
Donald Trump, em carta em que anuncia o aumento dos impostos
Tarifas devem começar a valer em agosto. “Devido, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às Eleições Livres e aos direitos fundamentais de Liberdade de Expressão dos americanos, a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma Tarifa de 50% sobre todos e quaisquer produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, separada de todas as Tarifas Setoriais. Mercadorias redirecionadas para evitar esta Tarifa de 50% estarão sujeitas a essa Tarifa mais alta”, diz o texto.