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Valdivino Braz: poeta goiano que rompe fronteiras

Tive e ainda tenho o privilégio de conviver com o jornalista, escritor e poeta Valdivino Braz, por
isso posso afirmar de cátedra que ele é gente da melhor qualidade. Fomos contemporâneos na
Universidade Federal de Goiás e trabalhamos juntos como revisores e repórteres-redatores
nos principais jornais de Goiás, inclusive neste conceituado e respeitado internacionalmente
Diário da Manhã. Foram muitas as cervejas que tomamos juntos, e, na maioria das vezes,
usufrui do privilégio desse grande poeta declamar versos apenas para este jornalista.
Até algumas partidas de futebol jogamos juntos, simplesmente em chácaras de amigos, como
no Estádio Serra Dourada, nas partidas envolvendo poetas, prosadores e convidados como
este aprendiz de articulista. Portanto, é com grande alegria que recebi a notícia, através da
Coluna Café da Manhã, do guru Ulisses Aesse, dos novos prêmios conquistados por Valdivino
Braz, aos 74 anos de idade. Sagrou-se duplamente campeão na 23ª edição do Concurso Sesi
Arte e Criatividade, conquistando prêmios com o conto ‘Na linha do trem’ e o poema ‘A lua no
milharal’.
Valdivino Braz também foi finalista no Prêmio Off Flip de Literatura 2017, evento paralelo e
complementar à 15ª Festa Internacional Literária de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, com o
poema ‘Os bois do tempo’, que integra coletânea em e-book, com download gratuito aos
leitores. De outra parte, há três anos, esse estupendo escritor aguarda pagamento do prêmio
em dinheiro e publicação da obra poética ‘Lepidópteros lambem o musgo dos
paralelepípedos’, premiada pela Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, da Prefeitura
de Goiânia.
Poeta contemporâneo, um dos mais significativos das nossas letras, Valdivno Braz já tem
vários títulos públicos, entre eles: “Cavaleiro do Sol” (contos), “As Faces da Faca” (poemas), “A
Palavra por Desígnio” (poemas), “As Lâminas de Zarb” (poemas), “Arabescos num Chão de Giz”
(poemas) e “A Trompa de Falópio” (poemas). E é um dos escritores mais premiados de Goiás,
ao lado, por exemplo, de Delermando Vieira e Gabriel Nascente, aliás, conforme enfatizou
Ulisses Aesse, “um tríduo que tem projetado a literatura goiana lá fora”. A obra de Braz,
conhecido também por Zarb, se sobressai pela inventividade linguística e o alto teor crítico.
Sua obra poética é riquíssima e passeia pela sátira, infância, historicidade, erotismo,
sobrenatural, censura e a metalinguagem, sem falar naturalmente nos aspectos filosóficos, o
que, com certeza, tem contribuído para as várias e importantes premiações conquistadas por
ele, ao longo de sua rica carreira.
“Os vários aspectos levantados sobre a obra de Valdivino Braz, desde a sua inserção crítica no
mundo em que vive, até os elementos de vanguarda que caracterizam  sua obra poética,  além
dos inúmeros livros que escreveu e as premiações que detém, valendo destacar o livro
‘Trompa de Falópio”, poemas (Prêmio Cidade de Belo Horizonte de Literatura,  em 1992),
apontam-no como um dos escritores mais significativos da Literatura Brasileira
Contemporânea”, enfatiza reportagem da Revista Banzeiro, que se encontra a disposição dos
internautas no site: banzeirotextual.blogspot.com.br.

 Encerro este com um dos poemas de Zarb, um dos meus favoritos: “Os homens no Bar(co)/Os
homens envelhecem no bar,/bebendo as palavras salobres da noite/e cuspindo o zinabre
corrosivo do tédio./Na longa travessia das horas,/destiladas pelos copos,/sabem o cansaço dos
corpos,os vincos nas faces vulneráveis/e a vida moída pela mó do inexorável./Sabem nesta
hora o íntimo silêncio/em que os gestos se anulam,/os olhos no vazio vagam,/e cada homem
diz a si mesmo coisas/uns aos outros indizíveis./Sabem agora a solidão sozinha/do lobo ferido
no ermo do mundo,/e os  inevitáveis borrões vermelhos da sangria/própria do que é vivo e
dói./E morrem os homens, à mesa do bar,/barco de náufragos no mar de espuma/da última
cerveja.”
João Nascimento, jornalista

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